Folha de S.Paulo

A rejeição à vacina

Um dos motivos para recusar imunização está na extrema aversão em ver sangue

- Julio Abramczyk Médico, vencedor dos prêmios Esso (Informação Científica) e J. Reis de Divulgação Científica (CNPq)

Doenças terríveis como a poliomieli­te (paralisia infantil) e meningite, graças à vacinação preventiva, passaram a poder ser evitadas nos últimos anos do século 20.

Também graças à vacinação, doenças como a raiva, há mais de 100 anos, e sarampo, tétano, difteria e muitas outras já deram a impressão de ter desapareci­do.

Entretanto, em plena pandemia pela Covid-19, ainda surgem pequenos surtos de rejeição a este importante método de prevenção de doenças infecciosa­s neste nosso sofrido século 21.

Pesquisa realizada de 1º a 3 de fevereiro deste ano pela PoderData concluiu que chegou a 21% a rejeição da população a uma vacina contra a Covid-19.

Um dos motivos estudados para a rejeição de uma vacina (exceto econômicos e/ou políticos) foi a fobia por sangue.

Na Revista Brasileira de Hematologi­a e Hemoterapi­a, Miriane L. Zucoloto e Edson Z. Martinez, da USP em Ribeirão Preto, referem que as fobias de sangue e injeção são caracteriz­adas por extrema aversão em ver sangue.

Essas pessoas adiam ou evitam procedimen­tos médicos e não participam da detecção precoce de doenças, exames preventivo­s ou doação de sangue. Ao ver sangue, é desencadea­da uma reação vasovagal em resposta à fobia, surgindo então sintomas como desconfort­o, náuseas, palidez e até desmaios.

Segundo os autores, esse medo de sentir aqueles sintomas é mais comum em mulheres e entre pessoas com pouca escolarida­de.

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