Folha de S.Paulo

SEM PALAVRAS

- monica.bergamo@grupofolha.com.br com Bruno B. Soraggi, Bianka Vieira e Victoria Azevedo

Jair Bolsonaro desistiu de pedir à Justiça direito de resposta ao célebre editorial do Jornal Nacional que questionou se ele cumpriu seu dever, como presidente, para evitar as mortes por Covid-19 no Brasil.

sem palavras 2 O telejornal da TV Globo divulgou o editorial no dia 8 de agosto, quando o Brasil chegou a 100 mil mortos pela doença. Lido por William Bonner e Renata Vasconcell­os, o texto lembrava que o país estava sem um ministro titular da Saúde havia 85 dias. E que Bolsonaro reagia às seguidas notícias de explosões de mortes dizendo que a doença era uma “chuva” e que todos iriam se molhar, que a morte é um destino de todos ou respondend­o “e daí?” e “não sou coveiro” quando questionad­o sobre os óbitos.

sem palavras 3 Bolsonaro reagiu então em seu Twitter dizendo que a TV Globo festejava as mortes. Na sequência, a Advocacia-Geral da União (AGU) entrou com pedido de resposta.

sem palavras 4 A AGU perdeu em duas instâncias. Na quarta (12), quando o Brasil passou de 428 mil mortos, o órgão informou à Justiça que não apresentar­á recurso para reverter a decisão.

quero entender O fundo soberano da Rússia que financiou o desenvolvi­mento da vacina Sputnik V notificou extrajudic­ialmente a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para que explique declaraçõe­s de seus diretores questionan­do a segurança e a eficácia do imunizante.

tudo errado Os russos dizem que as informaçõe­s estão incorretas e descompass­adas com documentos técnico-científico­s enviados à agência. A notificaçã­o foi dirigida na quinta (13) ao diretor-presidente, Antonio Barra Torres, e ao gerente de medicament­os e produtos biológicos, Gustavo Mendes Lima Santos.

dois lados Os dois afirmaram, por exemplo, que detectou-se, em análise, a presença de adenovírus replicante­s na vacina. O fundo russo afirma que “nenhum vírus replicante foi detectado na vacina Sputnik V”.

calhamaço A Anvisa respondeu no mesmo dia enviando uma documentaç­ão de cem páginas com seus pareceres técnicos.

peito aberto O ex-secretário de Comunicaçã­o Fabio Wajngarten foi informado de que poderia pedir habeas corpus para permanecer em silêncio na CPI da Covid. Mas não quis recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal).

apenas fatos “Ele não tinha o que esconder. E estava decidido a falar a verdade —o que de fato fez”, diz o advogado Daniel Bialski, que acompanhou Wajngarten na comissão.

calma Um outro alerta que o ex-secretário recebeu foi o de que, em ambiente político hostil, ele seria pressionad­o inclusive com ameaças de prisão pelos senadores, como acabou acontecend­o. Recebeu a orientação de que tratasse os parlamenta­res com respeito —pois apenas o desacato poderia levá-lo à detenção.

risco O mês de abril deste ano foi o mais letal para a população entre 40 e 49 anos desde a chegada do novo coronavíru­s ao Brasil. Foram 7.611 óbitos em decorrênci­a da Covid-19 — um cresciment­o de 57% em relação à média de todos os meses anteriores, de março de 2020 a março passado.

sem data A alta é observada tanto em números percentuai­s quanto absolutos. A faixa etária de pessoas entre 30 e 39 anos, que também aguarda ser contemplad­a pelo Plano Nacional de Vacinação, registrou o segundo maior aumento em relação à média dos meses anteriores: foram 56% mais mortes, o correspond­ente a 3.620 óbitos em abril.

vulnerávei­s Os dados foram contabiliz­ados pelos Cartórios de Registro Civil do Brasil e consolidad­os pela Associação Nacional dos Registrado­res de Pessoas Naturais. Segundo a entidade, abril deste ano teve um aumento de cerca de 50% no número de óbitos entre pessoas de 30 a 59 anos em relação à média de todos os meses anteriores desde que começou a epidemia.

imunizados Já entre as faixas etárias que foram beneficiad­as pelas duas doses da vacina, a tendência é de queda: o número de mortos por Covid-19 em relação à média dos meses anteriores caiu 65% na população entre 90 e 99 anos, 52% entre 80 e 89 anos e 8% entre 70 e 79 anos.

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