SEM PALAVRAS
Jair Bolsonaro desistiu de pedir à Justiça direito de resposta ao célebre editorial do Jornal Nacional que questionou se ele cumpriu seu dever, como presidente, para evitar as mortes por Covid-19 no Brasil.
sem palavras 2 O telejornal da TV Globo divulgou o editorial no dia 8 de agosto, quando o Brasil chegou a 100 mil mortos pela doença. Lido por William Bonner e Renata Vasconcellos, o texto lembrava que o país estava sem um ministro titular da Saúde havia 85 dias. E que Bolsonaro reagia às seguidas notícias de explosões de mortes dizendo que a doença era uma “chuva” e que todos iriam se molhar, que a morte é um destino de todos ou respondendo “e daí?” e “não sou coveiro” quando questionado sobre os óbitos.
sem palavras 3 Bolsonaro reagiu então em seu Twitter dizendo que a TV Globo festejava as mortes. Na sequência, a Advocacia-Geral da União (AGU) entrou com pedido de resposta.
sem palavras 4 A AGU perdeu em duas instâncias. Na quarta (12), quando o Brasil passou de 428 mil mortos, o órgão informou à Justiça que não apresentará recurso para reverter a decisão.
quero entender O fundo soberano da Rússia que financiou o desenvolvimento da vacina Sputnik V notificou extrajudicialmente a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para que explique declarações de seus diretores questionando a segurança e a eficácia do imunizante.
tudo errado Os russos dizem que as informações estão incorretas e descompassadas com documentos técnico-científicos enviados à agência. A notificação foi dirigida na quinta (13) ao diretor-presidente, Antonio Barra Torres, e ao gerente de medicamentos e produtos biológicos, Gustavo Mendes Lima Santos.
dois lados Os dois afirmaram, por exemplo, que detectou-se, em análise, a presença de adenovírus replicantes na vacina. O fundo russo afirma que “nenhum vírus replicante foi detectado na vacina Sputnik V”.
calhamaço A Anvisa respondeu no mesmo dia enviando uma documentação de cem páginas com seus pareceres técnicos.
peito aberto O ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten foi informado de que poderia pedir habeas corpus para permanecer em silêncio na CPI da Covid. Mas não quis recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal).
apenas fatos “Ele não tinha o que esconder. E estava decidido a falar a verdade —o que de fato fez”, diz o advogado Daniel Bialski, que acompanhou Wajngarten na comissão.
calma Um outro alerta que o ex-secretário recebeu foi o de que, em ambiente político hostil, ele seria pressionado inclusive com ameaças de prisão pelos senadores, como acabou acontecendo. Recebeu a orientação de que tratasse os parlamentares com respeito —pois apenas o desacato poderia levá-lo à detenção.
risco O mês de abril deste ano foi o mais letal para a população entre 40 e 49 anos desde a chegada do novo coronavírus ao Brasil. Foram 7.611 óbitos em decorrência da Covid-19 — um crescimento de 57% em relação à média de todos os meses anteriores, de março de 2020 a março passado.
sem data A alta é observada tanto em números percentuais quanto absolutos. A faixa etária de pessoas entre 30 e 39 anos, que também aguarda ser contemplada pelo Plano Nacional de Vacinação, registrou o segundo maior aumento em relação à média dos meses anteriores: foram 56% mais mortes, o correspondente a 3.620 óbitos em abril.
vulneráveis Os dados foram contabilizados pelos Cartórios de Registro Civil do Brasil e consolidados pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais. Segundo a entidade, abril deste ano teve um aumento de cerca de 50% no número de óbitos entre pessoas de 30 a 59 anos em relação à média de todos os meses anteriores desde que começou a epidemia.
imunizados Já entre as faixas etárias que foram beneficiadas pelas duas doses da vacina, a tendência é de queda: o número de mortos por Covid-19 em relação à média dos meses anteriores caiu 65% na população entre 90 e 99 anos, 52% entre 80 e 89 anos e 8% entre 70 e 79 anos.