Folha de S.Paulo

Reprovação aos ministros do STF sobe e atinge 33%

Em meio a embate com bolsonaris­tas, 24% avaliam a atuação dos juízes como ótima ou boa

- Felipe Bächtold

A reprovação à atuação dos ministros do Supremo voltou a crescer, de acordo com levantamen­to do Datafolha, e atingiu 33%.

Pesquisa do instituto aponta também que 38% consideram o desempenho do Congresso ruim ou péssimo.

são paulo A reprovação à atuação dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) voltou a crescer, de acordo com a mais recente pesquisa realizada pelo Datafolha.

Segundo levantamen­to do instituto, consideram o desempenho dos ministros do tribunal ruim ou péssimo 33% dos entrevista­dos, ante 24% que avaliam a atuação deles como boa ou ótima. Para 36%, a avaliação é regular, e outros 7% não souberam responder.

Na pesquisa anterior em que esse tema foi abordado, em agosto de 2020, a reprovação era de 29%, ante 27% que considerav­am o trabalho dos magistrado­s ótimo ou bom.

A diferença de quatro pontos percentuai­s na reprovação entre as pesquisas está no limite da margem de erro, portanto uma situação improvável de estabilida­de na prática.

Na quarta (7) e quinta-feira (8) da semana passada, o Datafolha ouviu presencial­mente 2.074 pessoas em 146 municípios de todo o país. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuai­s, para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%.

Alguns episódios ocorreram entre as duas pesquisas do instituto. Em março, o Supremo decidiu rever processos envolvendo o mais importante réu da Lava Jato, o expresiden­te Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tinha condenação por corrupção confirmada em três graus.

O ministro Edson Fachin anulou as sentenças contra Lula nos casos do tríplex e do sítio de Atibaia, ao argumentar que a Vara Federal de Curitiba não tinha a devida atribuição sobre esses processos.

Na sequência, o ex-juiz Sergio Moro foi considerad­o, pela Segunda Turma da corte, suspeito em sua atuação relacionad­a ao ex-presidente.

Essas duas medidas foram posteriorm­ente ratificada­s pelo plenário do tribunal. Com isso, Lula recuperou seus direitos políticos e poderá disputar a eleição presidenci­al do próximo ano.

Além dos questionam­entos sobre suas decisões, o Supremo se mantém sob críticas constantes de aliados do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que veem a corte como obstáculo para o governo.

Bolsonaro inclusive chegou a participar de atos, em 2020, nos quais seus apoiadores pediam o fechamento do tribunal e do Congresso.

Nas últimas semanas, o presidente xingou em discursos o ministro Luís Roberto Barroso, que é presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

O presidente do STF, Luiz Fux, divulgou nota na quarta-feira afirmando que a liberdade de expressão “deve conviver com o respeito às instituiçõ­es e à honra de seus integrante­s, como decorrênci­a imediata da harmonia e da independên­cia entre os Poderes”.

Outro magistrado frequentem­ente alvo de bolsonaris­tas é Alexandre de Moraes, que expediu decisões que miravam pessoas próximas do presidente, como no inquérito dos atos antidemocr­áticos.

Esta não foi a pior avaliação dos ministros aferida em pesquisas do instituto, porém. Em dezembro de 2019, a taxa de ruim/péssimo era ainda superior, com 39%.

Naquela época, havia recém acontecido um dos principais julgamento­s da corte na década, no qual foi barrada a possibilid­ade de prisão de réus condenados em segunda instância que ainda têm recursos pendentes nos tribunais superiores.

Posteriorm­ente, em maio de 2020, o Datafolha apontou uma melhora significat­iva na avaliação da população a respeito do trabalho realizado pelos ministros do STF.

As taxas de bom/ótimo superaram na ocasião as de ruim/péssimo —30% a 26%.

O Supremo à época teve papel importante na crise do coronavíru­s ao decidir pela autonomia de estados e municípios para ordenar medidas de restrição à circulação da população e ao funcioname­nto do comércio. Bolsonaris­tas reclamam até hoje desse julgamento.

Na pesquisa deste mês, os piores índices de avaliação do Supremo estão entre apoiadores do presidente Bolsonaro.

A avaliação negativa dos ministros do STF sobe para 49% quando considerad­os apenas entrevista­dos que pretendem votar em Bolsonaro no pleito de 2022.

A rejeição à atuação dos ministros do Supremo também é alta entre homens (37%), entrevista­dos com escolarida­de de nível superior (41%) e aqueles que não pretendem se vacinar contra a Covid (46%).

No recorte regional, constatou-se mais reprovação à corte no Sul —região conhecida por ser mais simpática ao bolsonaris­mo— do que no Nordeste: 37% e 30%.

Já a avaliação positiva do Supremo vai a 27% quando considerad­os apenas entrevista­dos com escolarida­de de nível fundamenta­l e a 28% entre assalariad­os sem registro.

Quando considerad­os somente entrevista­dos que dizem ter o PT como partido de preferênci­a, a taxa de ótimo/ bom dos ministros vai a 31%.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil