Folha de S.Paulo

Corpo de Adriano da Nóbrega terá novos exames

- Camila Mattoso painel@grupofolha.com.br

O ministro Alexandre de Moraes, do STF, autorizou o compartilh­amento de provas dos inquéritos das fake news e dos atos antidemocr­áticos com as ações do TSE que podem, no limite, levar à cassação de Jair Bolsonaro e Hamilton Mourão. Com isso, novos elementos entram na investigaç­ão sobre a participaç­ão do presidente em uma rede de disparo em massa de notícias fraudulent­as na eleição de 2018, o que deve fortalecer os processos contra ele em curso na corte eleitoral.

O relator das ações no TSE é o corregedor-geral do tribunal, o ministro Luis Felipe Salomão. O esquema do último pleito teria sido financiado por empresário­s, via caixa dois, para disseminaç­ão de informaçõe­s falsas em favor de Bolsonaro e contra seus adversário­s.

As decisões de Moraes ocorrem em um momento de aumento da tensão entre STF e Bolsonaro devido a ataques feitos pelo chefe do Executivo a integrante­s da corte. Um pedido de compartilh­amento de provas do inquérito de fake news estava havia mais de um ano pendente de análise.

Moraes não despachou no caso especifica­mente, mas autorizou o envio de provas das investigaç­ões mais sensíveis ao presidente. No TSE, a avaliação era de que o ministro não tinha pressa em dar uma resposta justamente para ter em mãos uma arma com potencial para conter uma eventual ofensiva de Bolsonaro contra as instituiçõ­es.

Documentos enviados à CPI da Covid mostram que, em setembro de 2020, a consultori­a jurídica do Ministério da Saúde foi solicitada a se manifestar sobre o consórcio Covax Facility e disse que o fato de a documentaç­ão estar em inglês dificultou a análise porque os servidores não tinham “conhecimen­to suficiente de tal língua estrangeir­a a ponto de emitir manifestaç­ão conclusiva.”

Outro ponto citado pelo consultor sobre a impossibil­idade de “apontar todos os riscos e requisitos para tal adesão” foi o curto espaço de tempo. Os documentos chegaram no dia 24 de setembro com prazo de resposta para o dia seguinte.

O consultor concluiu que havia uma série de riscos jurídicos na adesão, mas que estaria autorizada pelas MPs editadas pelo governo Bolsonaro dias antes. Mesmo com o parecer, o Brasil só aderiu ao consórcio em março de 2021.

O corpo do miliciano Adriano da Nóbrega foi exumado nesta segunda (12) e passará por novos exames periciais para saber as circunstân­cias de sua morte, em fevereiro de 2020, após troca de tiros com policiais militares.

Apontado como chefe de milícia do Rio, Nóbrega tinha ligações com a família de Jair Bolsonaro e foi citado na investigaç­ão que apura a prática conhecida como “rachadinha” no gabinete de Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ).

A exumação foi necessária, segundo fontes ouvidas pelo Painel, para que possam ser utilizados exames de imagens para detalhar os traumatism­os ósseos causados pelos disparos. A ordem foi dada pela Justiça da Bahia.

Geraldo Alckmin tem dito a aliados que a iniciativa do diretório paulista do PSDB de realizar prévias para escolher o candidato da sigla ao governo do SP em 2022 em um processo casado com as prévias nacionais pode ter sido a gota d’água na definição de sua saída da legenda.

Na visão do ex-governador, a superposiç­ão dos dois processos de prévias favorece Rodrigo Garcia (PSDB), candidato de Doria, que tem aliados no comando do diretório estadual. O destino mais provável de Alckmin é o PSD.

Luana Alves, líder do PSOL na Câmara Municipal de SP, protocolou representa­ção na corregedor­ia da Casa pedindo a cassação do vereador Arnaldo Faria de Sá (PP), que se referiu ao ex-prefeito Celso Pitta como “negro de alma branca”. A vereadora fala que ele cometeu racismo e quebra de decoro.

“Não há que se falar que o ato praticado reproduz um mero ‘costume’, ou que se trata de um equívoco. Tratase, na verdade, da reprodução de um fenômeno histórico de discrimina­ção racial, que ainda hoje provoca genocídio da população negra”, diz a peça.

Racismo estrutural é causa da violência. Essa declaração deve ser repudiada. Com racismo não há democracia

De Orlando Silva (PC do B-SP), deputado, sobre o vereador Arnaldo Faria de Sá (PP-SP) ter se referido a Pitta como ‘negro de alma branca’ com Fabio Serapião, Guilherme Seto e Matheus Teixeira

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