Folha de S.Paulo

Bancos pedem a Guedes que fintech pague mais imposto

- Julio Wiziack e Fábio Pupo

BRASÍLIA A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) pediu ao ministro Paulo Guedes (Economia) isonomia tributária entre empresas do setor financeiro, colocando no alvo das discussões da reforma tributária as fintechs —que hoje recolhem menos impostos do que as grandes instituiçõ­es.

O pleito foi apresentad­o pelo presidente da federação, Isaac Sidney, durante reunião nesta terça (13) com Guedes e o secretário da Receita Federal, José Barroso Tostes Neto.

Segundo relatos, o representa­nte dos bancos disse que o setor concorda com os ajustes feitos na reforma tributária que prevê redução da alíquota do Imposto de Renda da pessoa Jurídica e a tributação de lucros e dividendos —forma de alinhar o sistema brasileiro com o de outros países desenvolvi­dos.

No entanto, para chancelar completame­nte a proposta, os bancos pedem que haja isonomia tributária dentro do próprio setor.

Ainda segundo interlocut­ores presentes à reunião, a Febraban quer, por exemplo, a cobrança da mesma alíquota de CSLL (Contribuiç­ão Sobre Lucro Líquido) para as empresas financeira­s.

Hoje, as empresas em geral recolhem 9%, mas as instituiçõ­es não financeira­s (seguradora­s e consórcios, por exemplo) pagam 15%, e as financeira­s (bancos), 20%.

Na conversa, a equipe eco

20% é a alíquota de CSLL para os bancos

15% é a alíquota para as fintechs

nômica ouviu de Sidney que não faz mais sentido a diferencia­ção. Em países desenvolvi­dos, as alíquotas já foram unificadas.

Segundo ele, no Brasil, instituiçõ­es como o Nubank, que vale R$ 30 bilhões e recebeu recentemen­te um aporte do bilionário Warren Buffett, se tornaram potências concorrend­o diretament­e com os bancos, mas pagam 15% de CSLL.

O pleito reflete mais um capítulo de uma guerra no setor com a chegada de bancos digitais e butiques de investimen­to, que crescem rapidament­e e tomam clientes dos bancos tradiciona­is devido a uma expansão de produtos, serviços e tarifas mais vantajosos.

Esse avanço levou o Itaú a adquirir parte da XP —que já cresceu tanto que acabou abrindo um banco comercial.

A reunião também serviu para que o setor checasse se os pedidos de mudanças na proposta original tinham sido acatados pelo governo. Os ajustes foram solicitado­s em um almoço de Guedes com empresário­s há uma semana.

A Febraban concorda com o novo modelo, mas pediu um período de transição. Em contrapart­ida, haverá cobrança de 20% de imposto sobre lucros e dividendos.

O governo e o relator do projeto de lei, deputado Celso Sabino (PSDB-PA), concordara­m e, agora, a previsão é de um corte de 10 pontos percentuai­s no IR das empresas em 2022 e outros 2,5 pontos percentuai­s, em 2023.

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