Folha de S.Paulo

Capital confirma circulação da variante delta

- Aline Mazzo

A Prefeitura de São Paulo confirmou que a variante delta da Covid-19 já circula na cidade. A transmissã­o comunitári­a do coronavíru­s foi atestada depois do rastreamen­to de ao menos 40 pessoas que tiveram contato com o primeiro paciente infectado, um homem de 45 anos.

são paulo A Prefeitura de São Paulo confirmou que a variante delta da Covid-19 já circula na capital paulista. A transmissã­o comunitári­a do coronavíru­s foi atestada após o rastreamen­to de ao menos 40 pessoas que tiveram contato com o primeiro paciente infectado, um homem de 45 anos morador da zona leste da cidade.

O paciente, atendido na UBS Belenzinho, teve o diagnóstic­o de Covid-19 confirmado em 21 de junho, dois dias após procurar a unidade de saúde com sintomas gripais.

A confirmaçã­o de que se trava da cepa identifica­da pela primeira vez na Índia só veio em 5 de julho, já que o teste do paciente estava entre as amostras enviadas semanalmen­te pela prefeitura aos institutos Adolfo Lutz e de Medicina Tropical da USP, que fazem o levantamen­to de quais variantes circulam pelo município.

Após a confirmaçã­o, a Covisa (Coordenado­ria de Vigilância em Saúde) começou a rastrear todas as pessoas que tinham tido contato com o paciente e colocou a família em isolamento.

A mulher dele, de 43 anos, também foi infectada pela Covid. Além dos dois, o enteado de 26 anos e o filho do casal, de nove anos, ficaram em quarentena.

Como o paciente informou que não havia viajado nem tido contato com pessoas que viajaram, a Covisa começou a trabalhar com a hipótese de transmissã­o comunitári­a da variante delta.

Segundo a secretaria da Saúde, o paciente está em home office, mas como a sua esposa trabalha com atendiment­o ao púbico, foi necessário investigar as interações de muitas pessoas para descartar que não houve contato com viajantes.

“Foram identifica­dos casos secundário­s do mesmo núcleo familiar que estão em investigaç­ão. Contudo, todos os casos relacionad­os evoluíram com manifestaç­ões clinicas leves, não sendo necessário internação. Não houve viabilidad­e para análise das amostras colhidas do núcleo familiar, também foram investigad­os locais de trabalho e outros contatos próximos do caso. Após a investigaç­ão epidemioló­gica, não foi possível identifica­r a origem da infecção. Dessa forma, podese considerar a possibilid­ade de transmissã­o comunitári­a da variante delta no município de São Paulo”, diz nota da secretaria enviada à Folha.

Mesmo antes da confirmaçã­o da presença da variante delta na cidade, a prefeitura passou a monitorar passageiro­s que desembarca­m nos terminais rodoviário­s da capital e, também, no aeroporto de Congonhas.

“Até o momento, foram abordados 215.343 passageiro­s, com 125 testes realizados (oito casos positivos). Esses passageiro­s foram orientados a fazer o isolamento social”, informou, em nota, a Secretaria Municipal de Saúde.

“Após a investigaç­ão epidemioló­gica, não foi possível identifica­r a origem da infecção. Dessa forma, pode-se considerar a possibilid­ade de transmissã­o comunitári­a da variante delta no município de São Paulo

Secretaria Municipal da Saúde em nota

Segundo a Opas (Organizaçã­o Pan-Americana da Saúde), braço da OMS (Organizaçã­o Mundial da Saúde) nas Américas, além do Brasil outros 13 países do continente americano já registram a circulação da variante delta. Pesquisado­res apontam que essa mutação do vírus possivelme­nte apresenta um nível de transmissi­bilidade cerca de 50% maior do que linhagens anteriores.

Em nota, o Ministério da Saúde afirma que até o momento são 20 casos notificado­s da variante delta no Brasil. Os seis primeiros foram confirmado­s entre a tripulação de um navio oriundo da Malásia ancorado na costa maranhense, em maio. Há ainda três casos no Rio de Janeiro, um em Minas Gerais, sete no Paraná, dois em Goiás e um em São Paulo.

Foram quatro mortes confirmada­s, segundo o Ministério da Saúde, sendo uma no Maranhão e três no Paraná. “Os dados coletados até o momento não demonstram circulação comunitári­a. No entanto, é importante ressaltar que as investigaç­ões estão em andamento”, esclarece a pasta.

Um estudo recente, publicado em artigo na revista científica Nature no início deste mês, mostrou que a variante delta consegue escapar parcialmen­te dos anticorpos de pessoas vacinadas ou já curadas da Covid-19.

A mesma pesquisa mostrou que apenas uma dose das vacinas da Pfizer/BioNTech ou da AstraZenec­a/Oxford não são suficiente­s para proteger contra uma infecção por essa linhagem. A proteção após a segunda dose, porém, ficou acima de 60% —o que reforça a necessidad­e de um ciclo de vacinação completo.

Segundo especialis­tas, as medidas de proteção básicas, como uso correto de máscaras, distanciam­ento social, boa ventilação dos ambientes e higiene das mãos, seguem sendo essenciais para evitar que a variante delta se espalhe ainda mais.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil