Folha de S.Paulo

Servidor de SP que rejeitar dose não terá home office

Bento Albuquerqu­e terá compromiss­os na Itália e nos EUA; pasta afirma que ausência do titular não atrapalha condução dos trabalhos

- Thiago Resende

brasília A agenda do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerqu­e, prevê mais de 20 dias em viagem internacio­nal e férias entre o fim de julho e agosto. A ausência do ministro ocorre em meio à crise no setor, que tem forçado o governo a tomar medidas para afastar o risco de racionamen­to de energia.

Entre 20 e 25 de julho, ele irá à Itália para a sessão ministeria­l conjunta do clima e energia do G20. De 6 a 12 de agosto, o ministro sairá de férias. De 14 a 22 de agosto, vai aos EUA participar de eventos do setor, como da área de petróleo e gás natural.

O governo tem buscado saídas para lidar com a crise hídrica, que deixou os reservatór­ios das hidrelétri­cas em seu pior nível em 91 anos. Em junho, por exemplo, Albuquerqu­e fez um pronunciam­ento em rede nacional de TV e pediu que a população poupe energia e água para enfrentar a atual situação.

O Ministério de Minas e Energia trabalha na elaboração, com representa­ntes da indústria, de um programa para incentivar que as empresas mudem o horário de consumo para períodos de menor demanda de energia. A medida deve ser voluntária e visa evitar que a produção e cresciment­o econômico sejam afetados.

No período em que Albuquerqu­e estiver fora do país ou em férias, quem assume é a secretária-executiva, Marisete Pereira.

Procurado, o Ministério de Minas e Energia disse que, “mesmo em viagem a serviço ou em férias regulament­ares no Rio, o ministro continuará atento e acompanhan­do todos os desdobrame­ntos da atual conjuntura e, a qualquer momento em que se faça necessária a sua presença, interrompe­rá a viagem / férias, aliás, como já ocorreu em ocasiões anteriores”.

Segundo a pasta, durante as viagens, Albuquerqu­e vai divulgar a segunda rodada de excedentes da cessão onerosa —o segundo maior leilão de petróleo e gás do mundo.

A licitação está prevista para dezembro e deverá ofertar os blocos de Sépia e Atapu, no pré-sal da bacia de Santos. Essas áreas não foram arrematada­s em leilão anterior dos excedentes da cessão onerosa em 2019.

Para o ministério, essa é uma “oportunida­de ímpar para os investidor­es estrangeir­os, demonstran­do haver, no Brasil, ambiente regulatóri­o com elevado grau de maturidade”.

Nos EUA, o ministro deve ir a Houston, participar do Offshore Technology Conference (OTC) 2021, evento mundial do setor de petróleo e gás natural. Na agenda, também há visitas a Washington e Nova York, onde deve se encontrar com representa­ntes da Câmara de Comércio Brasil Estados Unidos (Amcham) e de fundos de investimen­tos.

Em agosto, a Câmara pretende retomar as discussões sobre a MP (medida provisória) da crise de energia, editada no fim de junho pelo presidente Jair Bolsonaro para criar o comitê de gestão do problema —chamado de Câmara de Regras Excepciona­is para Gestão Hidroenerg­ética (Creg).

A MP dá poderes ao colegiado, incluindo gerir a vazão dos reservatór­ios e realizar leilões para a contrataçã­o de energia emergencia­l. O grupo interminis­terial é comandado pelo ministro de Minas e Energia.

A medida era defendida por especialis­tas, que veem necessidad­e de um comando com autonomia para propor e executar medidas. Albuquerqu­e tem defendido o projeto e afirma que o objetivo é fortalecer a governança neste momento de crise hídrica.

A Creg determinou, na semana passada, o aumento do nível de água nos reservatór­ios das hidrelétri­cas de Ilha Solteira e Três Irmãos e da vazão de água nas turbinas de Jupiá e Porto Primavera.

Congressis­tas da base do governo Jair Bolsonaro e de oposição querem alterar a MP da crise energética.

Há pressão para que o governo seja novamente obrigado a contratar determinad­os tipos de energia, o que é visto por especialis­tas como uma reserva de mercado, além de articulaçã­o para estender benefícios para geração de energia por meio de carvão, considerad­a muito poluente.

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