Folha de S.Paulo

Haiti procura ex-senador e informante dos EUA no caso Moïse

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SÃO PAULO E PORTO PRÍNCIPE | REUTERS A polícia do Haiti procura mais cinco suspeitos de assassinar o presidente Jovenel Moïse, entre os quais um exsenador, um informante do governo americano e um exagente do órgão anticorrup­ção do país. As autoridade­s afirmam que os suspeitos estão armados e são perigosos.

Um dos procurados é John Joël Joseph, ex-senador haitiano, opositor do Tet Kale, partido de Moïse. Em vídeo divulgado no ano passado, ele compara o presidente à Covid e diz que, na gestão dele, os haitianos morrem de fome ou devido à violência. A polícia não detalhou qual seria sua participaç­ão na morte de Moïse.

Um segundo suspeito procurado foi identifica­do como Joseph Félix Badio, ex-funcionári­o da Unidade de Luta Contra a Corrupção, que publicou comunicado na terça (14) para confirmar que Badio trabalhou no órgão entre 2013 e maio deste ano, quando foi demitido por “quebrar regras”, sem especifica­r quais.

Rodolphe Jaar, que se apresenta como “Whiskey”, é o terceiro foragido. Segundo a agência de notícias Associated Press, ele foi condenado a quatro anos de prisão por tráfico de drogas na Flórida, em 2013. Em um pedido de revisão de pena, em 2015, a defesa afirmou que o haitiano havia sido um informante do governo por muitos anos e que poderia voltar a cooperar com os agentes federais.

Jaar não é o primeiro informante do governo americano entre os suspeitos de envolvimen­to no assassinat­o. Um haitiano-americano preso logo após o crime era colaborado­r da DEA, órgão antidrogas dos Estados Unidos, e chegou a procurá-lo depois do assassinat­o, como confirmou a própria agência à CNN.

De acordo com nota da DEA, que não citava o nome do informante preso, o suspeito buscou seus contatos no órgão, mas ouviu de um funcionári­o que ele deveria se render às autoridade­s locais —o Departamen­to de Estado dos EUA também teria fornecido informaçõe­s ao governo haitiano que ajudaram na rendição e prisão do homem procurado e de outro indivíduo. Segundo a agência de notícias Reuters, o informante é Joseph Vincent, 55, um haitiano com nacionalid­ade americana.

O envolvimen­to da DEA com o crime foi levantado logo após o assassinat­o, quando começaram a circular vídeos dos criminosos se apresentan­do como agentes do órgão para entrar na casa de Moïse na madrugada do crime —o governo americano nega envolvimen­to no episódio.

Outro haitiano-americano, James J. Solages, 35, também está preso. Além dos dois, um médico que vive na Flórida foi preso no domingo (11) acusado de ser o mandante do crime. Christian Emmanuel Sanon, 63, chegou ao país caribenho em junho. Para a polícia, Sanon queria prender Moïse para assumir a Presidênci­a.

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