Folha de S.Paulo

Votação na Câmara da privatizaç­ão dos Correios fica para agosto

- Thiago Resende

brasília O relator do projeto que quebra o monopólio dos Correios e abre a empresa pública para o capital privado, deputado Gil Cutrim (Republican­os-MA), afirmou nesta quarta-feira (14) que a votação da proposta foi adiada para agosto, após o recesso do Congresso Nacional.

Ele apresentou uma versão preliminar do relatório aos líderes partidário­s na terça-feira (13), mas, como ainda não há consenso, o assunto será debatido pelas bancadas nas próximas semanas.

Técnicos do Ministério da Economia defendiam que o projeto fosse aprovado pela Câmara dos Deputados até o fim da semana. O tema chegou a entrar na pauta do plenário da Casa, mas a análise do texto foi adiada.

A equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, quer publicar o edital de privatizaç­ão dos Correios até o fim do ano e realizar a operação até março de 2022.

Mas, para aprovar o projeto relatado por Cutrim, o governo possivelme­nte terá de ceder em alguns pontos, principalm­ente em relação aos empregados dos Correios —uma das preocupaçõ­es de líderes partidário­s.

“Ontem [na terça] apresentei a minuta [do relatório] aos líderes, combinamos de levar ao plenário já de forma amadurecid­a os pontos de maior convergênc­ia e os demais debatermos em plenário”, afirmou Cutrim. Segundo ele, foi “muito boa a aceitação da proposta”.

O relator defende que os funcionári­os da estatal tenham uma estabilida­de de 18 meses após privatizaç­ão, além da criação de um PDV (plano de demissão voluntária).

De acordo com a versão preliminar, a demissão voluntária poderia ser pedida até 180 dias após a desestatiz­ação. Ao funcionári­o seria paga uma indenizaçã­o de um ano de remuneraçã­o, com manutenção do plano de saúde nesse período, além de ingresso em um programa de requalific­ação.

Na minuta, o relator afirma que o desafio da estatal é adaptar-se aos tempos modernos e que, em várias partes do mundo, há uma tendência de privatizar a comunicaçã­o.

O plano elaborado pelo Ministério da Economia para a privatizaç­ão dos Correios prevê a venda de 100% da estatal. O governo chegou a estudar diferentes formas de privatizaç­ão, como segregar a empresa por regiões ou até por tipo de serviço. Mas decidiu retirar toda a participaç­ão da União na empresa.

O relator defende ainda “a desestatiz­ação da empresa unificada e sem segregação”.

A equipe econômica ainda não tem uma estimativa clara de quanto pode ser arrecadado na venda dos Correios, pois o valor da operação dependerá inclusive do formato final do projeto a ser votado pelo Congresso.

Na semana passada, o procurador-geral da República, Augusto Aras, se posicionou contra a privatizaç­ão dos Correios.

Segundo ele, a Constituiç­ão não permite a prestação indireta dos serviços postais e do correio aéreo nacional.

No início de julho, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse que, apesar de a proposta que quebra o monopólio dos Correios estar na pauta do plenário da Casa, a votação só deveria ocorrer “entre a segunda quinzena de julho e a primeira de agosto”.

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