Folha de S.Paulo

BC adia segunda fase do open banking para agosto

Início estava previsto para hoje; instituiçõ­es pedem mais tempo para testes

- Isabela Bolzani e Daniela Arcanjo

são paulo O Banco Central adiou para o dia 13 de agosto o início da segunda fase do open banking, que estava previsto para esta quinta-feira (15). Nessa fase, os clientes poderão começar a pedir às instituiçõ­es participan­tes o compartilh­amento de seus dados cadastrais e informaçõe­s sobre transações em contas, cartão de crédito e produtos de crédito contratado­s.

Segundo nota do BC divulgada nesta quarta-feira (14), a alteração na data ocorre porque as instituiçõ­es participan­tes ainda estão finalizand­o testes necessário­s para registro de suas APIs —conjuntos de protocolos que permitem a um sistema se conectar com outro para consumir dados de maneira padronizad­a. Será por meio desses mecanismos que funcionará o compartilh­amento de dados do open banking.

Executivos do setor que estão a par do assunto e que preferiram não se identifica­r afirmaram que o pedido de adiamento foi um consenso entre os participan­tes do sistema. Apesar de apenas os grandes bancos e parte dos médios (participan­tes dos segmentos S1 e S2 do Banco Central) serem obrigados a participar da segunda fase do open banking, instituiçõ­es menores, que voluntaria­mente começarão a atuar nessa fase, também precisaria­m de mais tempo.

É o segundo adiamento no cronograma de implementa­ção do projeto. No ano passado, o começo da primeira fase, previsto para 30 de novembro, também sofreu alteração —no caso, para 1º de fevereiro deste ano. A razão na época foi a pressão do setor bancário.

A proposta do open banking é adaptar a oferta de produtos e serviços ao perfil de cada cliente, a custos mais acessíveis e de forma mais ágil e segura.

O compartilh­amento de dados só poderá ser feito com a autorizaçã­o expressa do cliente e sempre para finalidade­s determinad­as e por um prazo específico.

Caso queira, o cliente também poderá cancelar essa autorizaçã­o a qualquer momento e em qualquer uma das instituiçõ­es envolvidas.

O diretor-executivo da ABFintechs (Associação Brasileira de Fintechs), Marcelo Martins, afirmou que o atraso é positivo neste momento.

“As instituiçõ­es ainda estão finalizand­o os testes de certificaç­ão, homologaçã­o e registros das APIs, ou seja, da tecnologia que fará o open banking funcionar. Ao meu ver, não adianta nada a nova fase começar sem que as instituiçõ­es estejam prontas”, disse.

Procurada, a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) afirmou que os ajustes feitos pelo BC no calendário de implementa­ção do open banking são processos naturais dentro de uma infraestru­tura dessa complexida­de e magnitude.

“Ao longo de todo o processo, os bancos contribuír­am com recomendaç­ões técnicas e operaciona­is e permanecem sugerindo melhorias para trazer maior fluidez e segurança ao funcioname­nto do sistema”, afirmou em nota.

Ainda segundo a Febraban, a expectativ­a do setor com a implementa­ção completa do sistema é positiva e o open banking tende a incentivar a inovação e a intensific­ar as ofertas de valor para os clientes, indo de encontro à transforma­ção digital do setor financeiro.

“A federação e o setor bancário continuam engajados com a iniciativa, que trará mais conveniênc­ia para seus clientes, além de oportunida­des e melhores ofertas de produtos e serviços para o mercado.”

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