Folha de S.Paulo

Câmara aprova clubeempre­sa, que vai a sanção, e Lei do Mandante

- Danielle Brant e João Gabriel

brasília e são paulo A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta (14) o projeto que autoriza clubes de futebol a se transforma­rem em empresas e, assim, receberem recursos financeiro­s de pessoas físicas, jurídicas e fundos de investimen­tos.

O projeto, de autoria do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), foi aprovado por 429 votos a favor e 7 contrários. Como o relator, deputado Fred Costa (Patriota-MG), não fez mudanças em relação ao texto do Senado, a proposta segue para sanção ou veto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Hoje, a maioria dos times é classifica­da como associação sem fins lucrativos. O texto cria a Sociedade Anônima do Futebol, que poderá receber recursos para fomentar e desenvolve­r atividades ligadas à prática de futebol. O clube-empresa também terá como objetivo formar atletas profission­ais e obter receitas com a negociação dos direitos esportivos dos jogadores, além de permitir a exploração econômica de ativos, inclusive imobiliári­os.

O texto proíbe que o acionista controlado­r de um clube-empresa tenha participaç­ão em mais de uma Sociedade Anônima do Futebol, para evitar manipulaçã­o de resultado. Além disso, obriga que sejam criados conselho de administra­ção e conselho fiscal. Os clubes ficarão sujeitos ao Regime de Tributação Específica do Futebol (TEF), que será estabeleci­do a partir da lei.

A Câmara também aprovou nesta quarta, por 432 votos a 17, o projeto de lei que altera a chamada “Lei do Mandante”. A discussão vai para o Senado.

Caso avance e seja sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro, o projeto vai alterar a Lei Pelé, que determina que uma emissora de televisão ou rádio, para transmitir um jogo de futebol, precisa ter contrato vigente com as duas equipes envolvidas na partida.

O novo texto diz que “pertence à entidade de prática desportiva de futebol mandante o direito sobre o espetáculo desportivo”. Ou seja, a emissora que tiver contrato com o time da casa poderá transmitir o jogo, independen­temente do acordo que o visitante tenha.

O projeto marca mais um capítulo da briga entre o governo federal e a Rede Globo. Seu avanço é um triunfo do primeiro e dos clubes, que defendem a mudança na lei.

No entanto, uma emenda ao texto diminui o impacto imediato para a emissora, porque deixa explícito que os contratos em vigência não serão afetados pela mudança na lei —o que poderia levar à judicializ­ação dos casos.

Na TV fechada, 13 clubes da Série A têm contrato com a Rede Globo para a exibição de partidas no SporTV, entre eles Flamengo e Corinthian­s. Caso a lei fosse sancionada sem a emenda, a Globo perderia a exclusivid­ade de transmissã­o dos jogos desses times, com os quais já tem contrato firmado até 2024.

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