Morre Christian Boltanski, artista plástico francês das grandes instalações, aos 76
são paulo Morreu nesta quarta, em Paris, o artista plástico francês Christian Boltanski, aos 76 anos de idade.
O anúncio foi feito por Bernard Blistène, ex-diretor do Centre Pompidou, que disse que o artista estava doente em um hospital da capital francesa havia alguns dias, sem informar o motivo da morte. Segundo o site da FranceInfo, o artista enfrentava um câncer.
Boltanski era um dos grandes nomes da arte contemporânea francesa. Nascido em setembro de 1944, numa Paris recém-libertada dos nazistas, de pai médico de origem judaica e mãe escritora francesa que viviam escondidos, ele teve seu trabalho marcado pela memória e pelos traumas do Holocausto.
Na juventude, Boltanski enveredou pela pintura, que abandonaria em 1968 para se dedicar à fotografia e às grandes instalações, a principal marca de seu trabalho.
Ao longo dos anos 1970, Boltanski participou de importantes mostras, como a Documenta de Kassel, na Alemanha, com trabalhos baseados em fotografias que recolhia de desconhecidos ou em álbuns de família de amigos.
Estão ali os temas centrais de sua carreira, a investigação sobre identidade, as relações entre presente e passado, lembrança e esquecimento e o tempo breve da vida humana diante da longa duração da história.
Boltanski expôs na Bienal de Veneza há dez anos uma grande instalação com imagens de bebês em fotos preto e branco que corriam por uma estrutura que se assemelhava à de uma grande gráfica. Há cinco anos, o trabalho foi remontado em uma exposição na Casa França-Brasil, no centro do Rio de Janeiro.
Entre suas instalações mais dramáticas, o artista levou em 2010 uma pilha imensa de roupas usadas ao suntuoso espaço principal do Grand Palais, no centro de Paris.
Debaixo do delicado teto de ferro e vidro do museu, uma espécie de guindaste cavoucava os trapos, jogando tudo de um lado para o outro. A obra “Personnes” era uma alusão do artista aos corpos apodrecendo nas valas comuns dos campos de concentração.
Boltanski expôs ainda em São Paulo uma grande instalação de estruturas feitas de papelão que lembravam uma cidade na área de convivência do Sesc Pompeia em 2014 e, na galeria paulistana Baró, em 2015, mostrou uma obra de luzes e sons baseada nas batidas de seu coração.
Boltanski manteve uma longa colaboração artística com sua companheira Annette Messager, também importante artista plástica francesa, vencedora do Leão de Ouro da Bienal de Veneza de 2005.
Sob a direção de Blistène, o Centre Pompidou, um dos mais importantes da França, havia dedicado a Boltanski uma retrospectiva no fim de 2019, com cerca de 50 obras.