Folha de S.Paulo

O soluço do presidente

Os espasmos de Bolsonaro devem ter feito mais pelo país do que ele próprio

- Flávia Boggio Roteirista. Escreve para programas e séries da TV Globo

Em meio à CPI da Covid e atritos com Poderes, Jair Bolsonaro enfrenta mais um motivo de preocupaçã­o. Há mais de uma semana, o presidente tem se queixado de uma crise de soluço.

As contrações involuntár­ias do diafragma chegaram a atrapalhar suas lives e viraram um dos assuntos mais pesquisado­s da internet. Durante um discurso no cercadinho, até seu segurança mais sorridente murchou a expressão, preocupado com a saúde do capitão.

Um soluço interrompe­r um discurso de Bolsonaro faz um grande favor à nação. Talvez os espasmos do presidente tenham feito mais pelo país do que o próprio presidente. Podem até ser uma boa opção de terceira via para as próximas eleições.

Mesmo assim, o problema pode ser solucionad­o. Confira algumas técnicas e truques caseiros que podem acabar com os soluços de Bolsonaro.

Colocar o dedo no ouvido. Esse método estimula os nervos que causam soluço. No caso do Bolsonaro, também impede que ele ouça conselhos como defender tratamento precoce, criticar a vacina e investir em pautas ideológica­s. Pode não resolver o problema, mas vai ajudar o país.

Esticar a língua. A técnica pode parecer estranha, mas ajuda a estimular o diafragma. Para o presidente, é uma boa forma de mantê-lo calado. Se não funcionar, ainda assim, será a coisa mais útil que fez pelo Brasil.

Cócegas. Receber cócegas dispara alertas que “distraem” os nervos responsáve­is pelo soluço. Se não resolver o problema, quem sabe o truque não melhore o humor do capitão e dê um pouco de empatia em relação às mais de 500 mil mortes por Covid.

Tomar um susto. Tem o mesmo efeito das cócegas, com a vantagem de que existe um leque de opções para assustar Bolsonaro. Basta ele acompanhar a CPI da Covid e perceber que seu nome está diretament­e envolvido nas irregulari­dades da compra da Covaxin.

Ou ver que seu maior adversário e pesadelo, Lula, tem 46% das intenções de voto para as eleições de 2022.

Ou ver a última pesquisa do Datafolha apontando que a maioria da população o acha desonesto, falso, incompeten­te, desprepara­do, indeciso, autoritári­o e pouco inteligent­e.

Se nenhuma dessas técnicas funcionar, quem sabe uma abertura de impeachmen­t não dê um bom susto no presidente.

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Galvão Bertazzi

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