Folha de S.Paulo

Chuvas fortes na Alemanha deixam 59 mortos e milhares de desapareci­dos

Inundações também atingiram partes da Holanda e da Bélgica, onde há ao menos nove vítimas

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Ao menos 59 pessoas morreram e mais de 1.300 estão desapareci­das na Alemanha, em decorrênci­a das chuvas que, segundo especialis­tas, não têm precedente­s no país.

O volume de água fez vários rios transborda­rem nesta quinta (15), atingindo casas, derrubando árvores, inundando porões e levando parte da população a subir nos telhados para tentar se proteger.

“É uma catástrofe! Há mortos, desapareci­dos e muitas pessoas ainda em perigo. Todos os nossos serviços de emergência estão em ação 24 horas por dia e arriscando suas próprias vidas”, disse Malu Dreyer, primeira-ministra da Renânia-Palatinado.

Na Renânia do Norte-Vestfália, o estado mais populoso do país, ao menos 30 pessoas morreram, algumas afogadas em porões inundados, entre as quais dois bombeiros que trabalhava­m no resgate de vítimas. Mais abaixo no rio Reno, as chuvas mais fortes já medidas em 24 horas causaram inundações em Colônia e Hagen, enquanto em Leverkusen 400 pessoas tiveram que ser evacuadas de um hospital.

Em Wuppertal, os moradores disseram que seus porões foram inundados, e a energia, cortada. Em todo o país, ao menos 200 mil residência­s tiveram o fornecimen­to de eletricida­de interrompi­do, de acordo com uma nota divulgada pela principal distribuid­ora de energia da Alemanha.

Centenas de soldados foram convocados para ajudar as equipes de resgate, com tanques para limpar as estradas bloqueadas pelos deslizamen­tos de terra e para recolher árvores caídas. Diversos helicópter­os também trabalhara­m para resgatar pessoas ilhadas nos telhados das casas.

“Fiquei totalmente surpreso. Pensei que um dia entraria água aqui, mas nada parecido com isso”, disse Michael Ahrend, morador de Ahrweiler, à agência Reuters. “Isso não é uma guerra, é simplesmen­te a natureza atacando. Finalmente devemos começar a prestar atenção nisso.”

No vilarejo de Schuld, dezenas de casas foram reduzidas a pilhas de destroços, outras dezenas correm risco de desabar, e parte das principais vias de acesso ficou bloqueada por entulho e árvores caídas.

“O que eu vivi? Foi catastrófi­co”, disse o aposentado Edgar Gillessen, 65, morador de Schuld. “Todas essas pessoas que moram aqui, eu conheço todas. Tenho muita pena delas, perderam tudo. Um amigo tinha uma oficina ali, nada ficou de pé. A padaria, o açougue, acabou. É assustador. Inimagináv­el”, afirmou.

A primeira-ministra Angela Merkel, que está nos EUA, disse, por meio de seu portavoz, estar chocada com as dimensões da catástrofe. “Minha solidaried­ade vai para os parentes dos mortos e desapareci­dos. Agradeço aos muitos voluntário­s incansávei­s e aos serviços de emergência do fundo do meu coração.”

Meteorolog­istas disseram que mais chuvas fortes são esperadas até o final da semana devido a um sistema climático de baixa pressão que abrange também França, Bélgica, Holanda e Luxemburgo.

Na Bélgica, ao menos nove pessoas morreram em decorrênci­a das fortes chuvas, e uma menina de 15 anos está desapareci­da depois de ter sido arrastada pela correnteza de um rio que transbordo­u. Na cidade de Pepinster, as águas do rio Vesdre inundaram as ruas. Ao menos dez casas desabaram, e os moradores de mais de mil residência­s tiveram que ser evacuados.

Na Holanda, um cenário semelhante danificou dezenas de casas na província de Limburg, no sul do país. Várias casas de repouso precisaram ser esvaziadas às pressas para evitar uma tragédia maior.

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Ferdinand Merzbach/NEWS5/AFP Vista aérea mostra efeitos da inundação na cidade de Bad Neuenahr, no oeste da Alemanha
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