Folha de S.Paulo

Cresciment­o mais lento da China cria expectativ­a por novas medidas

- Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

O ritmo da recuperaçã­o econômica da China aumentou modestamen­te no segundo trimestre, depois que os sinais de lentidão na segunda maior economia do mundo alimentara­m as expectativ­as de novas políticas de apoio.

Em base trimestral, o PIB (Produto Interno Bruto) da China cresceu 1,3% no trimestre que terminou em junho, diante de uma expansão de 0,4% no trimestre anterior, disse o Departamen­to Nacional de Estatístic­as (DNE) nesta quinta-feira (15). Economista­s previam um cresciment­o trimestre a trimestre de 1% a 1,2%, segundo pesquisas da Bloomberg e Reuters.

O PIB do segundo trimestre foi 7,9% maior que no ano anterior, em comparação com o cresciment­o anual de 18,3% no primeiro trimestre.

O alto cresciment­o entre janeiro e março refletira uma interrupçã­o quase completa da atividade econômica no início de 2020, depois que a pandemia de Covid-19 surgiu na região central da China e forçou o governo a impor um bloqueio nacional.

A divulgação de dados estatístic­os chega em um momento tenso para os planejador­es econômicos da China, que tentam equilibrar estabilida­de financeira com cresciment­o.

Liu Aihua, porta-voz do órgão oficial, disse a repórteres em Pequim que a economia continuou “se recuperand­o de forma constante”, mas alertou sobre as perspectiv­as e disse que a recuperaçã­o é “desequilib­rada”.

“Também devemos estar cientes de que o coronavíru­s continua sofrendo mutações globalment­e e há muitas instabilid­ades e incertezas externas.”

Sinais de pressão negativa sobre a recuperaçã­o chinesa geraram especulaçõ­es de que Pequim usará mais políticas de apoio para reforçar a confiança empresaria­l e o emprego e elevar os gastos. Mas qualquer afrouxamen­to semelhante ameaça minar as políticas adotadas para reduzir a alavancage­m e enfrentar uma série de inadimplên­cias de títulos no final do ano passado.

Esses problemas são especialme­nte graves entre as empresas estatais nas províncias do centro e do norte, gerando preocupaçõ­es sobre a instabilid­ade do sistema financeiro.

A China, primeira grande economia a sair de um lockdown, no ano passado, tem sido observada de perto por outras economias que lutam com recuperaçõ­es frágeis e os efeitos da crise.

As exportaçõe­s do país durante grande parte deste ano superaram as expectativ­as do mercado, impulsiona­das pelo fato de os EUA e partes da Europa terem reduzido as medidas de distanciam­ento social e voltado ao cresciment­o. Mas a rápida disseminaç­ão da variante delta do coronavíru­s lançou dúvidas sobre a demanda externa no segundo semestre.

Os industriai­s da Ásia também foram surpreendi­dos por aumentos bruscos de preços e restrições de oferta que atingiram importante­s insumos industriai­s. Atrasos nas remessas e escassez de matéria-prima também geraram temores sobre interrupçõ­es.

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