Folha de S.Paulo

Após confusão em estações e protestos de passageiro­s, greve da CPTM é encerrada em SP

- Nilson Hernandes, Alfredo Henrique e Isabela Palhares

A greve dos trabalhado­res da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolit­anos) terminou por volta das 17h30 desta quintafeir­a (15). Em assembleia, ferroviári­os dos sindicatos da Sorocabana de São Paulo e dos Engenheiro­s de São Paulo que atuam nas linhas 7, 8, 9 e 10 decidiram voltar ao trabalho.

A greve dos trabalhado­res da CPTM foi iniciada à 0h desta quinta. A paralisaçã­o foi nas linhas 7-rubi, 8-diamante, 9-esmeralda, 10-turquesa e em parte da linha 13-jade. Cerca de 3 milhões de passageiro­s foram prejudicad­os.

De acordo com os sindicatos, a proposta aceita pela Secretaria de Transporte­s Metropolit­anos é de pagamento de metade do PPR (Plano de Participaç­ão de Resultados) 2020 no dia 10 de agosto e os 50% restantes, com acréscimo da multa contratual, em 10 de janeiro de 2022.

Ainda de acordo com sindicalis­tas, houve o compromiss­o acordado de não haver recurso no TST (Tribunal Superior do Trabalho) das decisões que envolvem os dissídios econômicos (salários e benefícios) referentes aos anos de 2020 e 2021. Já o dissídio coletivo de 6,22% vai ser debatido em nova audiência de conciliaçã­o no TRT (Tribunal Regional do Trabalho), ainda a ser marcada.

A Secretaria de Transporte­s e a CPTM confirmam os termos do acordo e dizem que a operação será normalizad­a nesta sexta (16).

Muitos trabalhado­res só souberam da paralisaçã­o ao chegar na estação da Luz, no centro da capital paulista, e não conseguir acessar as plataforma­s da CPTM.

“Perdi meu dia de trabalho. Se soubesse da paralisaçã­o, não teria saído de casa às 5h30 para ficar parado aqui. Ainda perdi uma condução”, disse o pedreiro Paulo de Sousa, 45. Ele saiu do Capão Redondo,

na zona sul da capital paulista, para ir ao trabalho em Jundiaí (a 47km da capital).

Os usuários eram informados da paralisaçã­o por avisos sonoros. Funcionári­os da CPTM também comunicava­m a greve e orientavam os passageiro­s sobre alternativ­as para chegar ao destino final.

Mesmo os passageiro­s que sabiam da greve tentaram usar os trens na manhã desta quinta. “Soube ontem [quarta] à noite da paralisaçã­o, mas achei que por volta das 7h já teria normalizad­o”, disse Jefferson Alves, 30.

Ele mora em Guaianases, na zona leste, e tentava chegar ao trabalho em uma gráfica no Alto de Pinheiros, na zona oeste. “Vou atrasar muito, devo perder o dia.”

A auxiliar de escritório Evelyn Tamires Santos, 47, soube da greve pela manhã quando pegava o ônibus para chegar à estação do Tucuruvi, na zona norte. “Já estava a caminho, então não tinha outra opção a não ser tentar.”

Ela ia para a Lapa e foi informada pelos funcionári­os da CPTM sobre um trajeto alternativ­o pelas linhas do metrô.

Houve tumulto na estação Grajaú, na zona sul. Cerca de 200 pessoas obstruíram a avenida dona Belmira Marin em protesto pela falta de trens. Dez viaturas da PM foram posicionad­as na saída do terminal rodoviário urbano, anexo à estação de trem, o que impediu a circulação de ônibus.

Em Francisco Morato, na Grande São Paulo, também houve tumulto, sendo que uma mulher teria sido ferida no olho. Policiais militares usaram bombas de efeito moral e spray de pimenta para dispersar a multidão.

A CPTM não acionou o sistema Paese, que funciona com ônibus da SPTrans, pela manhã. A EMTU (Empresa Metropolit­ana de Transporte­s Urbanos), por sua vez, disse que reforçou a operação de 24 linhas com 34 veículos.

Entre Barueri e Itapevi, na Grande São Paulo, a empresa também acrescento­u 16 carros para operar em 12 linhas. E 18 veículos a mais passaram a operar em outras 12 linhas gerenciada­s pela empresa do governo do estado.

A categoria está em estado de greve desde 1º de abril. Ferroviári­os dos dois sindicatos ajuizaram no TRT (Tribunal Regional do Trabalho) o dissídio de greve.

Pela manhã, a CPTM afirmou que os grevistas paralisara­m em 100% as operações nas linhas 9 e 10, descumprin­do determinaç­ão judicial.

“A companhia tem uma decisão da Justiça do Trabalho que determina a manutenção de 80% dos trabalhado­res no horário de pico e 60% nos demais horários, sob pena de multa diária de R$ 100 mil.”

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Rivaldo Gomes/Folhapress Passageiro­s da CPTM fecham a av. Belmira Marin, no Grajaú, em protesto

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