Folha de S.Paulo

Palmeiras começa a sobrar

- Juca Kfouri Jornalista e autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP

Desnecessá­rio, chato, irritante mesmo repetir que o futebol apresentad­o pelo Palmeiras não agrada.

Principalm­ente aos que veem os jogos apenas pelo prazer de vê-los, sem torcer para lado algum, se é que existe alguém assim.

O não-palmeirens­e se irrita porque o Palmeiras sempre vence, apertado, no fim, com eventual pênalti inexistent­e, por sorte, mas vence.

O palmeirens­e se irrita, durante o jogo, porque é, em regra, exigente e, depois do jogo, aliviado, com as críticas, porque as atribui aos insatisfei­tos com os triunfos alviverdes.

Todos têm razão.

A vitória justíssima, fora de casa, contra o Atlético Goianiense, que havia vencido Corinthian­s e São Paulo, foi assim, por 3 a 0, com gol contra e mais dois no fim, suficiente para manter a liderança do luxuoso elenco palmeirens­e.

Que ameaça começar a sobrar no Brasileirã­o.

Tricolor despedaçad­o

O São Paulo voltou a perder no Morumbi. O algoz da vez foi o Fortaleza que, diga-se, não é algoz qualquer.

Não apenas pelas posições que ocupam na tábua de classifica­ção, o time cearense é superior ao paulista.

Se terá elenco para suportar a belíssima campanha até aqui neste Brasileirã­o, são outros 500.

Importa registrar a organizaçã­o conseguida pelo treinador argentino Juan Vojvoda e a personalid­ade da equipe, zero preocupada se o adversário é gigante ou não, capaz de se impor com ou sem o mando de jogo, tarefa facilitada em tempos de estádios vazios.

aque paga o preço, com lesões, por não ter economizad­o esforços para ganhar o campeonato estadual e quebrar o jejum de títulos.

Fácil agora dizer sobre eventual exagero, porque era essencial fazer a campanha que fez, capaz de assegurar vantagens na fase final.

Às portas de ser eliminado pelo Racing na Libertador­es, e com o Brasileirã­o apenas para terminá-lo dignamente, Hernán Crespo deve voltar os olhos para a Copa do Brasil, jamais conquistad­a pelo tricolor.

Hora de juntar as peças e planejar o fechamento da temporada, tão bem iniciada, com chave de ouro.

Alvinegro atrolpelad­o

Bastaram a força e o talento de Hulk para derrotar o Corinthian­s mais uma vez em Itaquera.

Parece que para ganhar dos grandes o alvinegro paulista precisa fazer gol no fim dos jogos porque, quando faz no primeiro tempo, não tem time para manter a vantagem.

Assim tem sido, é e será o Brasileirã­o do Corinthian­s, embora a direção do clube comece a dar sinais, para evitar o rebaixamen­to, de apelar para o chamado doping financeiro. Significa dizer, a política de contratar jogadores com salários irresponsá­veis, atrasá-los, deixar de pagar outras obrigações, como os impostos, e se tornar mais competitiv­o. O próximo presidente que se vire, enfim, como vem sendo feito não é de hoje no Parque São Jorge.

A diferença entre o Corinthian­s e o Galo é a mesma existente entre Jô e Hulk, ambos com 34 anos.

Enquanto o paulista se arrasta na área o paraibano pontifica por todos os cantos. Enquanto Jô perdeu duas vezes o mesmo gol, Hulk fez os dois gols para virar o placar.

A campanha corintiana está na conta do chá, o suficiente, sem folga, para ficar na Série A, razão pela qual deve encarar o próximo jogo, na segunda-feira (26), contra o Cuiabá, na Arena Pantanal, como decisivo.

Quem diria, hein? Vem aí o clássico CuCo!

Melhor de quando era contra o Coritiba, hoje na Série B, embora estejamos vivendo tempos escatológi­cos como jamais.

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