Folha de S.Paulo

Fórum de bioeconomi­a no PA atenua atraso do Brasil na área

Organizado­res escolhem Belém por ser a ‘porta de entrada’ da Amazônia

- Paula Soprana

SÃO PAULO Belém recebe a partir desta segunda-feira (18) o Fórum Mundial de Bioeconomi­a, que pela primeira vez acontece fora da sede, na Finlândia. O governo do Pará publicará decreto com estratégia de longo prazo para o setor.

Segundo o BNDES, a bioeconomi­a brasileira movimenta cerca de US$ 326 bilhões (R$ 1,77 trilhão) ao ano. O país é considerad­o um dos mais diversos, com cerca de de 42 mil espécies vegetais, mas está atrasado na adoção de políticas públicas para garantir desenvolvi­mento econômico com a floresta em pé.

“Espero que o debate evolua para o nível federal. Hoje, 60 países têm uma bioestraté­gia em curso, parte importante na União Europeia, também o Japão, em breve a China, mas há poucas iniciativa­s na América Latina”, afirma o finlandês Jukka Kantola, fundador do fórum.

O plano de recuperaçã­o econômica pós-pandemia da UE, por exemplo, determina que os países-membros invistam em produtos e práticas bioeconômi­cas para poder acessar fundos de financiame­nto.

O primeiro dia do fórum terá a presença do vice-presidente Hamilton Mourão, que preside o Conselho Nacional da Amazônia Legal.

Com desmatamen­to recorde da floresta durante o governo Bolsonaro, Mourão defendeu no Fórum de Davos, em março deste ano, que o futuro sustentáve­l da Amazônia depende da ampliação da bioeconomi­a, e que isso só será realidade com participaç­ão do setor privado.

O evento foi trazido ao Brasil porque Belém é considerad­a a porta de entrada da Amazônia, região com a maior diversidad­e do globo.

Há alguns anos, o Pará implementa iniciativa­s ligadas à bioeconomi­a, mas ainda há pouco entendimen­to sobre o que esse segmento representa. A expectativ­a dos organizado­res é difundir o conceito e engajar governo, empresas e entidades em torno do tema.

Para o inglês Mark Rushton, cofundador do fórum, o consumo, em especial entre os mais jovens, está cada vez mais atrelado à sustentabi­lidade, o que coloca o setor privado como um dos principais agentes na bioeconomi­a —que, em termos gerais, é o conjunto de atividades econômicas baseadas em recursos naturais renováveis, não fósseis.

O conceito defende a exploração de florestas sem desmatamen­to e alia produção de alimentos e mercadoria­s industriai­s e farmacêuti­cas à geração de valor e emprego nas comunidade­s locais. São exemplos etanol, fibra de celulose aplicada à cadeia têxtil, bioplástic­o e açaí, que geram retorno financeiro direto aos agricultor­es da Amazônia.

Além de governo, bancos e líderes globais como Christian Patermann, “pai da bioeconomi­a” e ex-diretor da Comissão Europeia, o fórum reunirá presidente­s e executivos de companhias como Klabin, Natura, Suzano, Ford, Lego e Bayer.

 ?? Marlene Bergamo/Folhapress ?? O finlandês Jukka Kantola (à esq.) e o inglês Mark Rushton, fundadores do Fórum Mundial de Bioeconomi­a; evento em Belém será o primeiro fora da Finlândia
Marlene Bergamo/Folhapress O finlandês Jukka Kantola (à esq.) e o inglês Mark Rushton, fundadores do Fórum Mundial de Bioeconomi­a; evento em Belém será o primeiro fora da Finlândia

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