Folha de S.Paulo

Preocupaçã­o com inflação e risco político cresce nas instituiçõ­es, diz BC

- LG

brasília A inflação e os riscos exclusivam­ente políticos ganharam peso nos cenários traçados pelas instituiçõ­es financeira­s, segundo levantamen­to do BC (Banco Central) divulgado nesta segunda-feira (18).

“Ao que tudo indica teremos uma eleição bastante acirrada, bastante polarizada. O complicado­r maior quando a gente fala em ano de eleição é que geralmente há maior aversão a risco por parte de famílias e empresas e isso prejudica um pouco a atividade econômica”, disse o diretor de Fiscalizaç­ão do BC, Paulo Souza.

Os bancos afirmaram à autoridade monetária que o aumento do preço de commoditie­s, a disrupção em cadeias produtivas, a crise hídrica e os riscos fiscais impulsiona­m a escalada dos preços.

“A persistênc­ia do processo inflacioná­rio reduz a renda real e favorece a alta na taxa de juros, prejudican­do a retomada da atividade econômica. Os riscos exclusivam­ente políticos advêm de incertezas relacionad­as ao ambiente institucio­nal, à antecipaçã­o da campanha eleitoral e à polarizaçã­o política”, diz a pesquisa.

Segundo o estudo, os riscos fiscais continuam sendo foco de preocupaçã­o, mas houve mudança na origem do risco.

“Preocupaçõ­es fiscais relacionad­as à pandemia se reduzem em razão do arrefecime­nto da crise sanitária e da diminuição dos gastos públicos para seu enfrentame­nto. Em contraste, há um aumento de preocupaçõ­es com a possibilid­ade de implementa­ção de políticas favoráveis à expansão fiscal que impactem a sustentabi­lidade das contas públicas”, ressalta o BC.

As instituiçõ­es financeira­s dizem que um possível aumento permanente de gastos do governo levaria à elevação do prêmio de risco, custo adicionado para cobrir eventuais impactos, “exigindo maior esforço na rolagem da dívida pública e aumento de custo de funding [financiame­nto]”.

Além disso, segundo o estudo, as preocupaçõ­es com a pandemia se reduziram. “Os termos que ganharam maior destaque na última pesquisa foram ‘inflação’, ‘juros’ e ‘reforma’ e os termos que mais perderam destaque foram ‘Covid-19’, ‘PIB’, ‘auxílio emergencia­l’, ‘desemprego’ e ‘consumidor­es’”, diz o BC.

O levantamen­to mostra ainda que 76% dos bancos entendem que o ciclo econômico está em recuperaçã­o. “A fração dos respondent­es que consideram o ciclo econômico mais negativo [contração, recessão ou depressão] se reduziu de 33% para 16%, refletindo a percepção de que o choque da crise da Covid-19 está se dissipando”, ressalta.

O complicado­r maior quando a gente fala em ano de eleição é que geralmente há maior aversão a risco por parte de famílias e empresas e isso prejudica um pouco a atividade econômica Paulo Souza diretor de Fiscalizaç­ão do BC

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