Folha de S.Paulo

Pará busca negócios verdes para municípios que desmatam

- Timóteo Lopes

belém A professora e agora também empreended­ora Kariane Nunes fundou com quatro amigas uma startup de biocosméti­cos que aposta em negócios verdes na Amazônia.

“Cada mulher tem um cabelo diferente. Então, a gente personaliz­a a fórmula e traz um pedacinho da floresta, através de inteligênc­ia artificial. Nós temos parcerias com um coletivo de mulheres extrativis­tas da Floresta Nacional do Tapajós. A ideia é trabalhar junto com elas, desenvolve­ndo os produtos e adquirindo matérias-primas, fazendo inovação e tecnologia dentro da Amazônia”, explica.

Segundo levantamen­to do Instituto do Homem e do Meio Ambiente (Imazon), o Pará foi o segundo estado da Amazônia Legal que mais desmatou em janeiro de 2021 —o desmatamen­to total da Amazônia foi de 196 km², o Pará respondeu por 30%.

No primeiro dia do Fórum Mundial de Bioeconomi­a, em Belém, o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), assinou um decreto que cria a Estratégia Estadual de Bioeconomi­a, com foco no desenvolvi­mento de municípios paraenses com maior desmatamen­to na Amazônia.

“OPará enfrenta o desafio de gerar oportunida­des ao mesmo tempo que garante novas frentes de desenvolvi­mento sustentáve­l. Os municípios de São Félix do Xingu, Altamira, Itaituba e Novo Progresso são prioritári­os. Vamos investir mais de R$ 100 milhões”, disse.

O estado vai ser o primeiro a receber investimen­to em sistemas agroflores­tais de um fundo voltado ao meio ambiente e desenvolvi­mento sustentáve­l instituído pela Amazon.

“Com essa parceria, a Amazon lança uma oportunida­de para os produtos de bioeconomi­a do Pará serem conhecidos por todo o mundo. Isso demonstra a dimensão de onde nós podemos chegar. Mas é fato que só existe razão para discutir esse novo modelo de negócios se houver envolvimen­to dos povos locais”, disse Barbalho.

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