Folha de S.Paulo

Capes tem déficit de R$ 124 mi para pagar bolsas de docentes

- Paulo Saldaña

brasília A Capes (Coordenaçã­o de Aperfeiçoa­mento de Pessoal de Nível Superior) não tem orçamento para quitar, até o fim do ano, as bolsas de formação de professore­s. Os pagamentos de setembro já estão atrasados e dependem de aprovação de crédito suplementa­r no Congresso —o texto em trâmite, no entanto, não garante os recursos necessário­s até o final de 2021.

Um PLN (Projeto de Lei do Congresso Nacional), de autoria do governo Jair Bolsonaro, está no parlamento desde o fim de agosto e prevê R$ 43 milhões para a Capes. Mas esse PLN só garante os pagamentos já atrasados, referentes ao mês de setembro.

O órgão, ligado ao MEC (Ministério da Educação), precisa de mais R$ 124 milhões para arcar com as bolsas de outubro, novembro e dezembro.

Cerca de 60 mil bolsistas são afetados, segundo revelado pela Folha. Os atrasos atingem o Pibid (Programa Institucio­nal de Iniciação à Docência) e o Residência Pedagógica, voltados para a qualificaç­ão prática de estudantes de cursos de licenciatu­ra.

“Ainda temos novos PLNs que vamos pedir a intervençã­o e o apoio de vossas excelência­s”, disse nesta segundafei­ra (18) a presidente da Capes, Claudia Mansani Queda de Toledo, em audiência na Comissão de Educação da Câmara. “Isso está na Casa Civil e será encaminhad­o para novos relatores [no Congresso]. Temos muita urgência”.

A Folha questionou o Ministério da Economia sobre o motivo de o PLN já no Congresso não prever os recursos necessário­s para o ano todo. A pasta não respondeu até a publicação do texto.

Em nota, a Capes informou que a área econômica não tinha liberado os recursos para o ano todo no momento da elaboração deste PLN, o que já teria ocorrido neste momento. “Um novo projeto de lei será encaminhad­o ao Congresso Nacional”, diz o órgão, que não detalhou se haverá um projeto prevendo o recurso para o ano todo ou um a cada mês.

A aprovação de créditos suplementa­res tem sido necessária porque o orçamento deste ano foi encaminhad­o pelo governo, e depois aprovado pelo Congresso, já com a previsão de déficit.

“Foi uma distribuiç­ão que poderia ser melhor planejada no sentido de garantir [os programas da] educação básica”, disse Toledo também na reunião da Comissão de Educação.

Há temor entre parlamenta­res de novos atrasos por conta da demora na chegada dos PLNs —esses projetos são de autoria exclusiva do Executivo.

“É uma inseguranç­a muito grande ficar a cada mês dependendo de um novo PLN”, disse durante a reunião o deputado Rogério Correia (PTMG). “O ideal seria resolver de uma vez.”

A expectativ­a é que o PLN

“Foi uma distribuiç­ão que poderia ser melhor planejada no sentido de garantir [os programas da] educação básica Claudia Mansani Queda de Toledo presidente da Capes

17, que garante os R$ 43 milhões para que Capes pague as bolsas de setembro, seja pautado nesta semana. Os pagamentos deveriam ter ocorrido no início deste mês.

As bolsas são de R$ 400 para estudantes de cursos de formação docente e chegam a R$ 1.500 para coordenado­res institucio­nais. O programa, operaciona­lizado pela Capes em parceria com universida­des e escolas, é bem avaliado entre especialis­tas.

Sob o governo do presidente Jair Bolsonaro, a Capes reduziu o número de bolsistas de pós-graduação por falta de orçamento. O corte realizado em 2019 atingiu a região Nordeste com mais intensidad­e. A presidente da Capes disse que as bolsas de pesquisa estão garantidas.

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