Folha de S.Paulo

Justiça anula provas e encerra ação contra ex-assessora de Lula

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são paulo A Justiça Federal em São Paulo considerou nulas as provas obtidas na Operação Porto Seguro da Polícia Federal, que investigou um suposto esquema de venda de pareceres em órgãos do governo federal, e encerrou ações penais do caso que tinham como réus a ex-chefe do gabinete da Presidênci­a da República em São Paulo Rosemary Noronha, o exsenador Gilberto Miranda e o ex-advogado-geral adjunto da União, José Weber de Holanda Alves.

Os réus eram acusados dos crimes de corrupção, tráfico de influência, formação de quadrilha e falsidade ideológica. O caso ganhou notoriedad­e pelo posto que Rosemary ocupava na administra­ção petista e pela proximidad­e com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Também eram réus os irmãos Paulo Rodrigues Vieira, ex-diretor da ANA (Agência Nacional de Águas), e Rubens Vieira, ex-diretor da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), e o ex-auditor do TCU (Tribunal de Contas da União) Cyonil Borges.

A decisão de encerrar os processos criminais foi tomada pelo juiz substituto da 5ª Vara Criminal Federal de São Paulo Rodrigo Boaventura Martins nesta segunda-feira (18). A informação foi antecipada pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Segundo o magistrado, a medida era necessária em virtude de julgamento anterior do STJ (Superior Tribunal de Justiça) que havia anulado as intercepçõ­es telefônica­s e telemática­s e a quebra de sigilo bancária realizadas na investigaç­ão da Polícia Federal.

De acordo com o entendimen­to do STJ, a decisão judicial que havia autorizado as ações policiais no início das apurações teve fundamenta­ção insuficien­te.

Para o juiz da vara criminal, as provas obtidas em investigaç­ões posteriore­s que tiveram base nas intercepta­ções e quebra de sigilo também deveriam ser anuladas.

Martins aplicou um entendimen­to consolidad­o nos tribunais brasileiro­s de que as medidas decorrente­s de provas ilegais também devem ser considerad­as ilícitas, ou seja, uma irregulari­dade em uma ação policial “contamina” todas as evidências posteriore­s que dependeram dela para vir à tona no processo.

O juiz avaliou que, sem as provas anuladas, as denúncias da Procurador­ia perderam sua base principal e decidiu então encerrar as causas.

Cabe recurso do Ministério Público Federal.

A Operação Porto Seguro foi deflagrada em novembro de 2012 e incluiu buscas na sede da Presidênci­a em São Paulo. Na época, a presidente era Dilma Rousseff.

Desde a abertura da ação, a defesa da ex-assessora tem negado as irregulari­dades.

Rosemary Noronha é próxima de Lula desde antes de o ex-sindicalis­ta assumir a Presidênci­a da República e foi chamada para assessorál­o tanto no PT quanto depois no governo federal.

Ela começou a trabalhar na sede paulista da Presidênci­a da República no início do governo Lula, sendo nomeada em 2003 para o cargo de assessora especial no gabinete pessoal do presidente.

O ato de nomeação foi assinado pelo então ministro da Casa Civil, José Dirceu. Depois, em abril de 2007, ela foi nomeada chefe de gabinete e ficou no cargo até a deflagraçã­o da Operação Porto Seguro pela Polícia Federal.

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Jorge Araujo - 3.jun.09/Folhapress A ex-chefe do gabinete da Presidênci­a da República em São Paulo Rosemary Noronha

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