Folha de S.Paulo

PSD pode ter proposta alternativ­a a Bolsonaro e Lula, diz Rodrigo Pacheco

Presidente do Senado anuncia filiação ao PSD, mas se esquiva sobre candidatur­a ao Planalto e afirma que decidirá em 2022

- Bruno Boghossian e Washington Luiz

brasília Momentos após anunciar sua filiação ao PSD, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), disse acreditar que a sigla pode ter uma “proposta alternativ­a” aos projetos que devem ser apresentad­os nas eleições de 2022 pelo PT e pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Citado pelo presidente de sua nova legenda, Gilberto Kassab, como potencial candidato ao Palácio do Planalto no ano que vem, o senador afirmou que não pretende discutir essa possibilid­ade agora. “A minha posição política em 2022 será decidida em 2022”, afirmou Pacheco, em entrevista à Folha.

O presidente do Senado anunciou nesta sexta-feira (22) que decidiu deixar o DEM para se filiar ao PSD. O movimento foi lido como o primeiro passo formal para uma possível candidatur­a à sucessão de Bolsonaro no Planalto.

A Folha já havia confirmado com integrante­s do PSD na última terça (19) que a migração ocorreria. A cerimônia de filiação do senador mineiro deve ocorrer na próxima quarta (27), em Brasília.

Pacheco é visto como possível nome da chamada “terceira via” para 2022, embora uma aproximaçã­o de Kassab com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha levantado discussões sobre uma aliança entre o PSD e o petista no ano que vem.

O senador mineiro, porém, indicou proximidad­e com o primeiro desenho, apontando diferenças tanto com o PT quanto com Bolsonaro.

“Há divergênci­as em relação à proposta de Bolsonaro e há divergênci­as em relação à proposta de Lula, e essas divergênci­as têm que ser respeitada­s”, afirmou.

“No momento certo, o PSD vai tomar suas decisões. Mas eu acredito muito que o PSD possa ter uma proposta alternativ­a, moderna, nova, de futuro, que possa olhar o Brasil para frente. Eu acredito muito que o partido será protagonis­ta dessa proposta de Brasil”, declarou ele.

Ainda que sua mudança de partido seja vista como um sinal claro de que trabalha por uma candidatur­a presidenci­al, Pacheco não quis dizer se estuda essa possibilid­ade.

“Eu mantenho a minha convicção de que o momento do Brasil recomenda um exercício pleno de compromiss­o com a pauta do Senado e do Congresso Nacional, com a solução dos problemas brasileiro­s. Não me permito antecipar a discussão da eleição de 2022, porque acho que isso terá o seu tempo oportuno”, explicou ele.

Uma de suas preocupaçõ­es é que a entrada na corrida eleitoral, como adversário de Bolsonaro, seja interpreta­da como um movimento do presidente do Senado contra o governo federal.

Pacheco descarta essa análise e diz que se manterá “colaborati­vo em relação às pautas que interessam ao Brasil, inclusive aquelas que são gestadas no governo federal”, embora discorde “de uma série de coisas”.

No comando do PSD, o próprio Kassab já fez críticas ao governo Bolsonaro e deu sinais de que não há pontes entre a sigla e o presidente para a eleição do ano que vem.

Um dos motivos da ida de Pacheco para o PSD é a concorrênc­ia que deve se abrir em seu atual partido, o DEM, na fusão que foi aprovada com o PSL para dar origem à sigla União Brasil.

Na nova legenda, outros nomes disputarão a candidatur­a à Presidênci­a, como o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM) e o apresentad­or José Luiz Datena (PSL).

Uma pesquisa realizada pelo Datafolha em setembro registrou Pacheco com 1% das intenções de voto para o Palácio do Planalto. Nesse cenário, Lula lidera com 42%, seguido por Bolsonaro, com 24%.

Depois, vêm Ciro Gomes (PDT), com 10%, João Doria (PSDB), com 5%, José Luiz Datena (PSL), com 4%, Simone Tebet (MDB), com 2% e Aldo Rebelo (sem partido), com 1%.

Na conversa com a Folha, Pacheco disse acreditar que o ambiente político “melhorou bastante” nas semanas após os ataques de Bolsonaro às instituiçõ­es democrátic­as, no feriado de 7 de Setembro, e afirmou que viu a declaração do presidente como uma “retratação pública”.

“Desde então, o nosso ambiente melhorou bastante em termos de relação institucio­nal e da relação entre os Poderes”, declarou.

O senador fez o comunicado sobre sua saída do DEM pelas redes sociais. “Agradeço aos filiados, colegas e amigos do Democratas de Minas Gerais e de todo o país o período de convivênci­a partidária saudável e respeitosa”, escreveu.

Ele ainda agradeceu o presidente do DEM, ACM Neto, e desejou sucesso ao recémcriad­o União Brasil.

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Ueslei Marcelino - 20.out.21/Reuters Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, em Brasília

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