Folha de S.Paulo

Gestão fiscal de municípios tem melhora com medidas emergencia­is, diz estudo

- Leonardo Vieceli

rio de janeiro A gestão fiscal dos municípios brasileiro­s teve sinal de melhora em 2020, mas o avanço foi motivado principalm­ente por medidas temporária­s ou emergencia­is na pandemia, e não por reformas de caráter estrutural.

A conclusão é da nova edição do IFGF (Índice Firjan de Gestão Fiscal). Os dados do estudo anual, produzido pela Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), foram divulgados na quinta (21).

O IFGF é composto de quatro indicadore­s: autonomia das prefeitura­s (capacidade de financiame­nto da estrutura administra­tiva),gastoscomp­essoal (grau de rigidez do orçamento), liquidez (cumpriment­o das obrigações financeira­s) e investimen­tos (aportes em bem-estar e competitiv­idade).

A nova edição do estudo avalia dados declarados por 5.239 municípios, sem inconsistê­ncias, à Secretaria do Tesouro Nacional. A pontuação do IFGF vai de zero a um. Quanto mais próxima de um, melhor é a situação fiscal da prefeitura em questão.

Municípios que têm quadro considerad­o excelente são aqueles com média superior a 0,8 ponto. Em seguida, aparecem as prefeitura­s em condição definida como boa (entre 0,6 e 0,8), difícil (entre 0,4 e 0,6) ou crítica (menos de 0,4).

Em 2020, a média geral dos municípios no IFGF foi de 0,5456. Trata-se da maior marca da série histórica, iniciada em 2013, embora a situação ainda seja classifica­da como difícil e preocupant­e.

A Firjan associa a melhora em relação a 2019 (0,4837) a uma combinação de “fatores extraordin­ários” na pandemia. A entidade relata que os municípios receberam uma quantia adicional de R$ 31,5 bilhões voltada para a luta contra o coronavíru­s.

A federação também menciona que o estado de calamidade trouxe flexibiliz­ação de regras fiscais, com suspensão de dívidas, e lembra que o auxílio emergencia­l estimulou o consumo e a geração de tributos.

A Firjan destaca ainda outros impactos pontuais: a obrigação de mais investimen­tos em saúde devido à pandemia, a inflação mais alta, que aumentou a arrecadaçã­o de prefeitura­s, e até o fim dos mandatos dos prefeitos.

Segundo a Firjan, 57,7% (3.024) das prefeitura­s analisadas estavam em situação fiscal difícil ou crítica em 2020, menor percentual da série, iniciada em 2013, e 11,7% tiveram gestão fiscal excelente.

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