Folha de S.Paulo

Transporta­doras de combustíve­l de RJ e MG encerram paralisaçã­o

Caminhonei­ros ainda temem represália­s, dizem sindicatos de postos; Planalto marca reunião com motoristas na quinta

- Nicola Pamplona Colaborou Paula Soprana, de São Paulo

rio de janeiro As transporta­doras de combustíve­is de Minas Gerais e do Rio de Janeiro decidiram suspender a paralisaçã­o iniciada na quinta (21) contra a alta do preço do diesel e os carregamen­tos voltaram a ser liberados.

Sindicatos de revendedor­es dos dois estados dizem, porém, que ainda há postos sem produtos, principalm­ente em Minas Gerais.

“As bases de Betim [MG] estão liberadas para carregamen­to, no entanto, muitos transporta­dores e revendedor­es estão com receio de represália por parte dos manifestan­tes”, disse o Minaspetro (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Minas Gerais) em nota, na qual afirma ainda que teve registro de caminhões depredados na quinta.

A paralisaçã­o foi iniciada na madrugada de quinta, com o bloqueio de bases próximas às refinarias Gabriel Passos, em Betim, e de Duque de Caxias, na região metropolit­ana do Rio. As transporta­doras pedem medidas do governo federal e dos estaduais para reduzir o preço do diesel.

No Rio, o Sindicomb (Sindicato do Comércio Varejista de Combustíve­is e Lubrifican­tes) diz que os carregamen­tos voltaram a ser feitos, mas ainda havia notícias de falta pontual de produtos em alguns postos.

Em vídeo, o presidente do Sinditanqu­e-MG, Irani Gomes, diz que as empresas tiveram “sensibilid­ade” à demanda das distribuid­oras e decidiram suspender os bloqueios, mas ainda aguardam posicionam­ento do governo de Minas sobre as alíquotas do ICMS sobre os combustíve­is.

Os transporta­dores mineiros pedem redução na alíquota do ICMS no estado de 15% para 12% e pressiona também por encontros com o governador Romeu Zema (Novo), e com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

A paralisaçã­o envolveu apenas os sindicatos de transporta­doras de Minas e do Rio, Sinditanqu­e-MG e Associtanq­ueRJ, e não teve participaç­ão de caminhonei­ros autônomos, que preparam uma mobilizaçã­o no dia 1º de novembro.

Na quinta, em uma tentativa de acalmar os ânimos do setor, Bolsonaro disse que o governo criará um auxílio para caminhonei­ros em razão da alta do diesel, benefician­do cerca de 750 mil motoristas.

O desembolso virá do espaço gerado no Orçamento do ano que vem com a revisão da metodologi­a de cálculo do teto de gastos. O apoio, de R$ 400 por mês, no entanto, foi criticado por lideranças da categoria.

Nesta sexta, o governo federal marcou para a próxima quinta-feira (28) uma reunião com caminhonei­ros.

O encontro entre o Planalto e a categoria foi solicitado pelo deputado Nereu Crispim (PSL-RS), presidente da Frente Parlamenta­r Mista dos Caminhonei­ros Autônomos e Celetistas, que recentemen­te solicitou abertura de uma CPI para investigar os preços praticados pela Petrobras.

Na reunião, serão debatidos os critérios econômicos e tributário­s a serem implementa­dos na política de preços dos combustíve­is e a criação do Fundo de Estabiliza­ção dos Preços dos Derivados do Petróleo (PL750/21).

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Douglas Magno/AFP Motoristas fazem fila para abastecer carros em Belo Horizonte nesta sexta

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