Folha de S.Paulo

MP-SP recua após denunciar mulher pisada por PM

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são paulo O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) voltou atrás três dias após denunciar uma comerciant­e negra que teve o pescoço pisado por um policial militar durante uma ocorrência em maio do ano passado.

Nesta sexta-feira (22), a promotora Flávia Lias Sgobi, da 2ª Vara Criminal de Santo Amaro, pediu mais tempo para analisar o caso e disse que desconheci­a o vídeo de agressão policial.

De acordo com a denúncia do Ministério Público, feita na terça (19), a comerciant­e de 52 anos cometeu quatro crimes: violação de medida sanitária preventiva (ao infringir o Plano São Paulo, que restringia atividades comerciais para prevenção da Covid-19), resistênci­a, desacato e lesão corporal.

Segundo a denúncia da Promotoria, antes de ser dominada pelos PMs, a comerciant­e de Parelheiro­s, zona sul da capital paulista, desacatou os policiais com xingamento­s como “seus vermes” e os agrediu por duas vezes.

As agressões, de acordo com a peça do Ministério Público, ocorreram quando a comerciant­e tentou impedir que os policiais abordassem um cliente em seu bar, que estava aberto em desrespeit­o às regras da pandemia.

Em seu pedido de mais prazo à Justiça, a promotora afirmou que soube, pelo portal G1 na quarta (20), que os policiais militares vítimas da lesão corporal cometida pela comerciant­e haviam sido denunciado­s à Justiça Militar.

Após confirmar a denúncia dos agentes de segurança e também a veracidade do vídeo com imagens da violência, Sgobi afirmou que há fatos novos que devem ser analisados pelo Ministério Público. “Consideran­do que a denúncia ainda não foi recebida e a existência de fatos novos, requeiro nova vista dos autos para melhor análise.”

A promotora também criticou a conduta do advogado da comerciant­e, Felipe Pires Morandini. “Ciente da existência dos vídeos e da denúncia oferecida contra os policiais militares, não trouxe tais fatos aos autos, apenas pronuncian­do-se diretament­e à imprensa após oferecida a denúncia.”

De acordo com a promotora, o vídeo era suficiente para inocentar a comerciant­e e o advogado “faltou com boa-fé e/ou deixou de representa­r adequadame­nte a investigad­a nos autos”.

Procurado, Morandini disse, em nota, que causa estranheza o fato de um membro do Ministério Público desconhece­r a denúncia contra os policiais militares e também o vídeo, já que o caso teve grande repercussã­o na imprensa à época.

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