Folha de S.Paulo

Missão espacial com foguete nacional da Coreia do Sul fracassa

País não conseguiu colocar em órbita uma carga de 1,5 tonelada na quinta; presidente diz que fará outra tentativa em maio de 2022

-

afp A Coreia do Sul lançou, na quinta-feira (21), o primeiro foguete de fabricação nacional, mas fracassou no objetivo de colocar em órbita uma carga de 1,5 tonelada, um revés para as aspirações do país asiático de avançar na corrida espacial.

O Veículo Coreano de Lançamento Espacial II, batizado de Nuri, decolou da base de Goheung, o que provocou muitos aplausos no centro de controle.

As três etapas de lançamento funcionara­m corretamen­te, elevando o foguete a 700 quilômetro­s de altura. Também se separou com sucesso a carga útil de 1,5 tonelada, afirmou o presidente sulcoreano, Moon Jae-in.

“Mas colocar a simulação de satélite em órbita continua sendo uma missão inacabada”, disse.

“Embora não tenhamos conseguido cumprir todos os objetivos perfeitame­nte, alcançamos feitos muito bons com nosso primeiro lançamento”, destacou.

O presidente afirmou que o país fará outra tentativa em maio. “Os países que lideram a tecnologia espacial vão liderar o futuro. Não é muito tarde para que o façamos”, afirmou, em tom otimista.

O país é a 12ª maior economia do mundo e registra avanços tecnológic­os notáveis, como sede da Samsung Electronic­s, maior fabricante mundial de smartphone­s e chips.

Porém, a Coreia do Sul sempre ficou para trás no setor de voos espaciais, iniciado em 1957 pela então União Soviética e seguido pouco depois pelos Estados Unidos.

Na Ásia, os países com programas espaciais avançados são China, Japão e Índia, enquanto a Coreia do Norte foi o último a entrar para o clube de nações com capacidade de lançar os próprios satélites.

Os mísseis balísticos e os foguetes espaciais utilizam tecnologia­s similares e Pyongyang colocou um satélite de 300 kg em órbita em 2012, o que países ocidentais condenaram como um teste de míssil disfarçado.

Até o momento, seis países, sem incluir a Coreia do Norte, conseguira­m lançar cargas de uma tonelada com os próprios foguetes.

O foguete de três etapas foi desenvolvi­do ao longo de uma década com um custo de 2 trilhões de wons (1,6 bilhão de dólares). Pesa 200 toneladas, mede 47,2 metros de compriment­o e tem seis motores de combustíve­l líquido.

As duas primeiras tentativas sul-coreanas de lançamento­s espaciais fracassara­m em 2009 e 2010, utilizando em parte tecnologia russa. A segunda, de fato, explodiu com dois minutos de voo e provocou uma troca de acusações entre Seul e Moscou.

O país finalmente teve sucesso com um lançamento em 2013, mas dependeu de um motor desenvolvi­do pela Rússia em sua primeira etapa.

Apesar da presença cada vez maior de empresas privadas no lançamento de satélites, analistas consideram que o sucesso do Nuri teria representa­do um grande potencial para a Coreia do Sul.

“Os foguetes são a única forma possível para que a humanidade chegue ao espaço”, disse Lee Sang-ryul, diretor do Instituto Coreano de Pesquisa Aeroespaci­al.

“Ter esta tecnologia significa que conseguimo­s cumprir o requisito básico para entrar na corrida da exploração espacial”, completou.

O lançamento de quintafeir­a foi um passo a mais no ambicioso programa espacial sul-coreano. Em uma inspeção ao foguete Nuri em março, o presidente Moon Jae-in disse que o país tentará no próximo ano enviar uma sonda à órbita lunar.

“Até 2030 vamos alcançar o objetivo de fazer nossa sonda pousar na Lua”, prometeu na ocasião.

Embora não tenhamos conseguido cumprir todos os objetivos perfeitame­nte, alcançamos feitos muito bons com nosso primeiro lançamento Moon Jae-in presidente da Coreia do Sul

 ?? Reuters ?? Foguete KSLV-II NURI é lançado em Goheung, na Coreia do Sul
Reuters Foguete KSLV-II NURI é lançado em Goheung, na Coreia do Sul

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil