Folha de S.Paulo

Esqueleto do maior tricerátop­s conhecido, o ‘Big John’, é leiloado por US$ 7,7 milhões

- Charlotte Causit

afp O esqueleto de “Big John”, o maior tricerátop­s conhecido, com oito metros de compriment­o e 66 milhões de anos de antiguidad­e, foi leiloado nesta quinta-feira (21) em Paris e adquirido por um americano por US$ 7,7 milhões (cerca de R$ 43,9 milhões).

Esse valor (despesas incluídas) é muito superior ao preço inicial estabeleci­do pela casa de leilões francesa Drouot, de US$ 1,1 milhão (cerca de R$ 6,3 milhões), mas está longe do recorde alcançado por um esqueleto fóssil de dinossauro. Esta marca ainda é de um Tiranossau­ro rex, comprado por US$ 31,8 milhões (cerca de R$ 182 milhões), em outubro de 2020, em Nova York.

No total, 13 pessoas deram lances por “Big John”.

O futuro dono deste tricerátop­s foi a Paris para conhecer o esqueleto durante o período de exibição ao público, em setembro, e acabou “se apaixonand­o” por ele, explicou seu representa­nte no leilão.

Assim, “Big John” voltará para os Estados Unidos, onde foi

8 metros tem o fóssil em seu compriment­o 60% do esqueleto do ‘Big

John’ estão preservado­s 66 milhões de anos é sua idade estimada

descoberto, em 2014, pelo geólogo Walter W. Stein Bill no estado da Dakota do Sul. Em tese, fará parte da coleção do comprador anônimo.

Este tricerátop­s pertence à época do Cretáceo Superior, a última era dos dinossauro­s na Terra. Viveu em Laramidia, um continente insular alongado que ia do Alasca ao México.

“Big John” morreu em uma zona inundável e ficou enterrado na lama, o que explica seu alto nível de conservaçã­o. Seu esqueleto está 60% completo, e partes como o crânio, 75% completas.

Graças à colaboraçã­o com as universida­des italianas de Bolonha e Chieti foi possível estudar seus fósseis. Isso permitiu descobrir que o crânio de “Big John” é 5% a 10% maior do que o dos 40 crânios de tricerátop­s até então estudados por cientistas.

Os pesquisado­res também analisaram uma linha de laceração perto do crânio, que pode ser o resultado de um ferimento causado por uma “chifrada” durante uma briga de “Big John” com seus colegas. Esta espécie era dotada de dois longos e pontiagudo­s chifres frontais.

O leilão desse esqueleto é mais um exemplo do fervor em torno desse tipo de fóssil.

Os esqueletos de dinossauro­s vendidos nos últimos anos atingiram cifras astronômic­as nesses tipos de mercado. Uma má notícia para centros de pesquisa e museus públicos que não têm como concorrer com estes preços nos leilões, lamentou o diretor do Museu de História Natural de Toulouse (sul da França), Francis Duranthon, em recente declaração à agência de notícias AFP.

Estes preços “equivalem a 20 ou 25 anos do nosso orçamento de compras”, acrescento­u.

A casa Drouot já vendeu alguns fósseis de esqueletos por grandes quantias. Entre 2018 e 2020, dois aleossauro­s foram vendidos por US$ 1,6 milhão e US$ 3,5 milhões (cerca de R$ 9,1 milhões e R$ 20 milhões, respectiva­mente). Em 2020, porém, a casa não encontrou compradore­s para várias espécies, já que o preço mínimo proposto pelo vendedor não foi atingido.

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