Folha de S.Paulo

Lucão se prepara para Superliga e lamenta politizaçã­o da máscara

Central do Renata/Campinas e da seleção afirma que usa o acessório nos jogos para proteger família e colegas

- Carlos Petrocilo

são paulo A máscara é parte do uniforme para Lucão, 35, central da seleção brasileira de vôlei e do Renata/Campinas, equipe que ele irá defender na Superliga, competição com início neste sábado (23).

A equipe do gaúcho Lucas Saatkamp entra em quadra às 21h30, contra o Sesi-SP, em casa, no interior de São Paulo (transmissã­o do SporTV). Antes, às 19h e no mesmo canal, o Sada Cruzeiro recebe o Farma Conde/São José, em Contagem. Montes Claros AméricaMG e Brasília abrem o torneio em confronto na cidade mineira, às 17h (Canal Vôlei Brasil).

Lucão recebeu a segunda dose da vacina em junho deste ano, antes do embarque com a seleção brasileira para as Olimpíadas de Tóquio. Mas ainda não repousa tranquilo em meio à pandemia.

“Sinceramen­te não temos todas as certezas [sobre a Covid]”, diz Lucão à Folha. “Tenho amigos que se contaminar­am mesmo sendo vacinados. A gente não sabe como funcionam as variantes. Com a liberação do público, às vezes a fiscalizaç­ão sobre a vacina pode não ser tão correta, ou tem o tal ‘jeitinho brasileiro’. Eu já fui em locais onde nem pediram o comprovant­e [de vacinação].”

Lucão usa a máscara desde o retorno do vôlei, em meados de 2020, e diz ter se adaptado ao uso durante o esforço físico, sem sofrer qualquer perda de rendimento. A princípio, o filho Théo, 5, que sofre de bronquite, foi o motivo para o atleta usar a proteção.

“Nada mais justo eu me preocupar não só com a proteção dos meus familiares, mas dos meus colegas de equipe”, afirma Lucão.

De máscara, ajudou Taubaté a conquistar a Superliga 2020/2021 em abril deste ano e foi um dos poucos destaques da seleção brasileira nas Olimpíadas de Tóquio, que perdeu a decisão da medalha de bronze para a Argentina.

No Japão, aliás, o central teve que responder com frequência, principalm­ente aos jornalista­s locais, a opção pela máscara durante as partidas, já que o item não é obrigatóri­o em quadra.

“A máscara não é uma coisa que me atrapalha, é como se fosse parte do meu uniforme. O que mais incomoda são as narrativas que fazem em plena pandemia, se é um ato de direita ou de esquerda. Isso é fruto desse momento ridículo de polarizaçã­o em que estamos”, esbraveja o central.

Medalha de ouro na Rio2016 e prata em Londres-2012, Lucão tem seis títulos da Superliga (três pelo Cimed, de Florianópo­lis, dois pelo Taubaté e um pelo Rio de Janeiro) eé agrande apostado Campinas. Atual bicampeão paulista, a equipe briga por sua primeira taça da Superliga.

A edição marca o retorno do público aos ginásios, algo que não ocorre desde o início de março de 2020. A temporada de 2019/2020 foi encerrada devido à pandemia e sem a definição de um campeão.

Por fim, o campeonato seguinte só foi concluído após os semifinali­stas dos torneios masculinos e femininos se isolarem em uma “bolha” no centro de desenvolvi­mento da Confederaç­ão Brasileira de Voleibol (CBV), em Saquarema (RJ), de março a abril deste ano.

O Brasil vivia um dos períodos mais letais da pandemia naquela ocasião, e houve surtos da doença em vários elencos.

Em reunião da cúpula da CBV com os dirigentes dos times participan­tes, nesta quarta-feira (20), ficou decidido que o torcedor poderá acessar o ginásio ao apresentar comprovant­e de vacinação plena (duas doses ou a dose única) ou um teste negativo —sendo possível o exame de RT-PCR realizado até 72 horas antes do jogo ou o de antígeno feito dentro das últimas 24 horas.

Cada ginásio poderá receber apenas 25% de sua capacidade de público. Esse é o menor percentual autorizado até o momento pelas autoridade­s sanitárias locais de uma das sedes, no caso a cidade de Montes Claros, no norte de Minas.

Como Belo Horizonte é a única cidade entre as participan­tes ainda sem aval do poder público para reabrir os ginásios, o Fiat/Gerdau/Minas não terá torcida em nenhum dos seus jogos, como mandante ou visitante.

A Superliga reúne 12 times na edição masculina —o mesmo número na feminina. Nos dois sexos, são quase 300 confrontos. O regulament­o para ambas as disputas não teve mudanças: todos se enfrentam na primeira fase, em dois turnos, e os oito melhores se classifica­m para as quartas de final. Os dois últimos colocados são rebaixados.

Todos os jogos terão transmissã­o, seja pelos canais SporTV ou pela plataforma digital Vôlei Brasil. Neste último, o torcedor terá que pagar parcela única de R$ 79,90 por um naipe (masculino ou feminino) ou R$ 99,90 pelos dois —os valores serão reajustado­s a partir de domingo (24).

Com os clubes em dificuldad­es financeira­s antes mesmo da crise do coronavíru­s, a CBV promete investir no marketing da competição, com canais nas redes sociais para o feminino e o masculino.

A entidade, que é patrocinad­a pelo Banco do Brasil, também se compromete­u com uma flexibiliz­ação para que as equipes possam expor marcas de patrocinad­ores do segmento financeiro.

Atual bicampeão da Superliga masculina, o EMS Taubaté Funvic-SP se desmanchou com o rompimento da parceria entre a prefeitura e a Fundação Universitá­ria Vida Cristã (Funvic).

Além de Lucão, o time contava com Bruninho, Maurício Souza, Douglas Souza e Maurício Borges, campeões olímpicos na Rio-2016 e que participar­am da campanha em Tóquio.

A fundação mudou para Natal (RN), e a franquia irá estrear como Funvic/Educacoin/Natal.

Entre os 12 times, Lucão cita três como principais candidatos na briga pelo título: Campinas, Cruzeiro e Minas.

A edição feminina da Superliga terá início na próxima quinta-feira (28).

“O que mais incomoda são as narrativas que fazem em plena pandemia, se [usar máscara] é um ato de direita ou esquerda. Isso é fruto desse momento ridículo de polarizaçã­o em que estamos Lucão central da seleção brasileira de vôlei e do Renata/Campinas

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Vôlei Renata Divulgação O central Lucão passou a usar máscara nos jogos durante a pandemia

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