‘Nunca tinham ouvido falar em maquiadora com deficiência’
Eu sempre tive o “não” na minha vida. Então comecei a lutar pelo “sim”, sem admitir que ninguém me colocasse para baixo.
Devido a tentativas de aborto da minha genitora, minha medula foi lesionada e parei de andar com 1 ano e 9 meses. Mais velha, fui diagnosticada com depressão.
Anos mais tarde, encontrei alguém em que eu acreditei. Mas quando ele descobriu que eu estava gerando meu primeiro filho, me expulsou de casa.
E retornaram as crises de depressão. No hospital, a médica falou: “Você precisa encontrar algo que ame fazer porque agora tem uma pessoa que depende de você”.
Eu me apaixonei por essa coisa de maquiar, de misturar cores. Procurei os profissionais de Salvador para aprender, mas eles nunca tinham ouvido falar de maquiadores com deficiência. Depois que viram que eu não iria parar, me deram a oportunidade de fazer meu primeiro curso.
Então Deus me deu o meu marido, Edilton, que largou a vida dele em prol da minha: pediu as contas do emprego para construirmos o Studio.
Em 2018, ele nos inscreveu em um processo de aceleração. A gente passou cinco dias numa missão empresarial para aprender sobre gestão.
Quando eu vi, estava ao lado de Paulo Rogério Nunes [cofundador da Vale do Dendê, organização de fomento à inovação com foco em diversidade]. Uma coisa que ele sempre deixou clara foi que eu não tinha chegado até ali porque tinham sentido pena da minha condição.
Transformei aquela história triste da menina que foi rejeitada para a história da menina que se transformou com as rejeições.