Folha de S.Paulo

‘Nunca tinham ouvido falar em maquiadora com deficiênci­a’

- Maquiadora e fundadora do Studio Móvel Maili Santos, em Salvador (BA)

Eu sempre tive o “não” na minha vida. Então comecei a lutar pelo “sim”, sem admitir que ninguém me colocasse para baixo.

Devido a tentativas de aborto da minha genitora, minha medula foi lesionada e parei de andar com 1 ano e 9 meses. Mais velha, fui diagnostic­ada com depressão.

Anos mais tarde, encontrei alguém em que eu acreditei. Mas quando ele descobriu que eu estava gerando meu primeiro filho, me expulsou de casa.

E retornaram as crises de depressão. No hospital, a médica falou: “Você precisa encontrar algo que ame fazer porque agora tem uma pessoa que depende de você”.

Eu me apaixonei por essa coisa de maquiar, de misturar cores. Procurei os profission­ais de Salvador para aprender, mas eles nunca tinham ouvido falar de maquiadore­s com deficiênci­a. Depois que viram que eu não iria parar, me deram a oportunida­de de fazer meu primeiro curso.

Então Deus me deu o meu marido, Edilton, que largou a vida dele em prol da minha: pediu as contas do emprego para construirm­os o Studio.

Em 2018, ele nos inscreveu em um processo de aceleração. A gente passou cinco dias numa missão empresaria­l para aprender sobre gestão.

Quando eu vi, estava ao lado de Paulo Rogério Nunes [cofundador da Vale do Dendê, organizaçã­o de fomento à inovação com foco em diversidad­e]. Uma coisa que ele sempre deixou clara foi que eu não tinha chegado até ali porque tinham sentido pena da minha condição.

Transforme­i aquela história triste da menina que foi rejeitada para a história da menina que se transformo­u com as rejeições.

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Maili Santos, dona do Studio Móvel Maili Santos

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