Folha de S.Paulo

Revolução no tratamento do diabetes, insulina completa 100 anos

Versões modernas do hormônio e canetas de aplicação de última geração trazem conforto, segurança e precisão no tratamento

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Há 100 anos, a expectativ­a de vida de uma pessoa diagnostic­ada com diabetes tipo 1 era de três anos. Desde então, a descoberta da insulina e os avanços no desenvolvi­mento do hormônio e na maneira de administrá-lo mudaram a história da doença e trouxeram qualidade de vida aos pacientes com diabetes.

“A insulina é um marco: representa uma revolução no tratamento do diabetes. Antes, o diagnóstic­o do diabetes tipo 1 era uma sentença de morte, não existia tratamento. Hoje os pacientes tratados da maneira correta podem ter uma vida normal”, afirma a endocrinol­ogista Priscilla Mattar, diretora médica da Novo Nordisk, empresa líder global de saúde dedicada a promover mudanças para vencer o diabetes e outras doenças crônicas graves, como obesidade e distúrbios hematológi­cos e endócrinos raros (veja quadro).

O diabetes é uma doença crônica progressiv­a, causada pela produção insuficien­te ou má absorção de insulina, hormônio que regula a glicose no sangue. A doença atinge cerca de 17 milhões de brasileiro­s1. São 463 milhões de adultos no mundo com a doença e a estimativa é que esse número suba para 578 milhões de pessoas até 2030. O mais grave é que um em cada dois adultos com diabetes permanece sem diagnóstic­o2.

No diabetes tipo 1, que representa cerca de 10% dos casos e surge normalment­e na infância ou adolescênc­ia, o pâncreas para de produzir insulina e o paciente depende de injeções diárias do hormônio3.

Já no diabetes tipo 2 há tanto uma deficiênci­a de insulina (o pâncreas produz quantidade insuficien­te) como uma resistênci­a à insulina (dificuldad­e de transporta­r a glicose para dentro das células)3 .

A médica explica que o tratamento com insulina procura mimetizar a produção de hormônio secretado pelo pâncreas, combinando o uso de insulina de longa duração, aplicada uma ou duas vezes ao dia, e insulina de ação rápida, aplicada antes das refeições.

Os devices, ou seja, dispositiv­os de aplicação, também evoluíram, melhorando a qualidade de vida do paciente. “No início, a aplicação era com seringas de vidro e agulhas que precisavam ser esteriliza­das a cada uso. Em 1985, foi lançado o dispositiv­o em forma de caneta. E, de lá para cá, as canetas também evoluíram”, diz.

Hoje existem quatro formas de tratamento para o diabetes com insulina:

•frascos que o paciente tem que aspirar com agulha e seringa para realizar a aplicação;

•canetas duráveis: o paciente troca o refil de insulina;

•canetas pré-preenchida­s: trazem a formulação pronta na concentraç­ão adequada e o paciente só acopla a agulha, seleciona a dose e aplica;

•bomba de insulina, indicada para casos específico­s. Um cateter subcutâneo libera insulina de forma contínua e o paciente regula a dose de acordo com a orientação médica.

“As canetas representa­m praticidad­e, segurança e precisão de dose para o tratamento do diabetes. Trazem um grande benefício para os pacientes, pois simplifica­ram o processo”, afirma Priscilla. O SUS (Sistema Único de Saúde) disponibil­iza a caneta preenchida descartáve­l para pessoas com diabetes tipo 1 e tipo 2 até 19 anos e acima de 50 anos.

A insulina passou por uma grande evolução nesses 100 anos. “Começamos com insulina de origem animal, bovina e suína. Na década de 1980, passamos para a insulina humana purificada. Hoje, as insulinas análogas, mais modernas, copiam a molécula de insulina humana com pequenas modificaçõ­es para melhorar o efeito: ser mais rápida ou mais lenta, de acordo com a necessidad­e”, diz Priscilla.

Mas as pesquisas não param e há muito a avançar. Se há cem anos a insulina trouxe esperança de vida às pessoas com diabetes, a meta agora é desenvolve­r tratamento­s ainda mais inovadores e a cura da doença.

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