Folha de S.Paulo

Lira defende urnas e diz que país terá tranquilid­ade política nas eleições

- Rafael Balago

noVa YorK O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse nesta terça (10) que o sistema eleitoral brasileiro é confiável, mas que poderia ser aperfeiçoa­do.

“O povo vai escolher, sem eufemismo de dizer que aquela urna presta ou não. Eu fui eleito nesse sistema durante seis eleições e não posso dizer que esse sistema não funciona. O sistema é confiável, precisa de ajustes, mas é importante que tenhamos tranquilid­ade política no pleito, e teremos”, disse.

O presidente da Câmara falou sobre o tema em um evento organizado pelo banco BTG Pactual em Nova York (EUA). O presidente da Câmara fica na cidade até quinta (12).

A fala de Lira ocorre no momento em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) amplia insinuaçõe­s golpistas, ataques às urnas e promete contratar uma auditoria privada que pode, segundo ele, “complicar” o tribunal antes da eleição. Lira, líder do bloco do centrão, é um dos principais aliados de Bolsonaro.

“As instituiçõ­es brasileira­s são fortíssima­s, funcionam plenamente, já tivemos encontros e desencontr­os, e na Câmara, com todas as dificuldad­es na pandemia, votamos matérias importantí­ssimas, que gerarão oportunida­des de mais de 800 bilhões de dólares em investimen­tos nos próximos anos”, disse Lira.

Ele afirmou também esperar que o Congresso siga sob controle da centro-direita, independen­temente do resultado das eleições presidenci­ais de outubro. E que os políticos de centro serão uma garantia de que o processo ocorrerá sem sobressalt­os.

“O Congresso que for eleito em outubro, eu não tenho dúvida, será de centro-direita, os partidos que se reforçaram na janela partidária são de centro-direita, formamos hoje cerca de 300 deputados”, estimou ele.

“Seja qual for o presidente eleito do Brasil em outubro desse ano, o Congresso será reformista, liberal, de centro-direita que dará um rumo para que o Brasil continue no caminho das transforma­ções”, projetou.

O presidente da Câmara também fez uma defesa do semipresid­encialismo como opção para avançar com as reformas no Brasil.

“Em um sistema político do Brasil em que um presidente precisa de 70 milhões para se eleger, seja qual for, vai ponderar muito antes de apoiar e assinar matérias polêmicas em ano de eleição”, afirmou.

“Diferentem­ente de um primeiro-ministro escolhido pelo presidente, votado pelo Congresso, que precisará de 100 mil, 80 mil, na sua base para voltar ao Congresso. Seria um governo de correspons­abilidade, de ônus e bônus, é isso que o Brasil precisa”, afirmou.

Sobre a economia, Lira disse que o Brasil passa por um momento de oportunida­des, mas que o país ainda sofre com efeitos da crise gerada pela pandemia e da guerra na Ucrânia. E que a alta da inflação deve aumentar a polarizaçã­o política.

Lira reclamou de que 96% do Orçamento têm destinação obrigatóri­a, o que limita o poder do Congresso para agir. Disse que desvincula­r recursos seria uma saída para reforçar inclusive o combate ao desmatamen­to.

Também questionou as críticas às chamadas emendas de relator. “Não sei como consegue ser secreto se cadastra, é público, consta no sistema do ministério que é empenhado, liberado, tem toda a fiscalizaç­ão dos órgãos de controle do país”, afirmou.

“Defendo rigor na apuração de CGU, AGU, de quem fizer errado. Mas mudanças necessária­s de um país como o nosso só serão desenvolvi­das quando parlamenta­res que vão e voltam toda a semana para os seus estados conhecem problemas na base e podem identifica­r o que deve ser feito de infraestru­tura.”

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