Folha de S.Paulo

TSE não deve interferir em pressão contra vice da Câmara, afirma PGE

- Marcelo Rocha e Danielle Brant

brasÍLIa A PGE (Procurador­ia-Geral Eleitoral) disse que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) não tem atribuição para analisar a pressão do PL, partido de Jair Bolsonaro, sobre o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para retirar Marcelo Ramos (PSD-AM) da vice-presidênci­a da Casa .

Em parecer da última quinta (5), o vice-procurador-geral eleitoral, Paulo Gustavo Gonet Branco, designado por Augusto Aras, disse ainda ser possível a destituiçã­o de Ramos do posto na Mesa Diretora por ele ter trocado o PL pelo PSD, partido comandando por Gilberto Kassab.

A PGE foi instada a se manifestar no processo em que Ramos contestou sua ex-legenda. O caso tramita sob a relatoria de Alexandre de Moraes, ministro do STF e atual vice-presidente do TSE.

No dia 29 de abril, ele concedeu uma liminar ao deputado e oficiou o presidente da Câmara a se abster de acatar qualquer deliberaçã­o do PL que implique o afastament­o ou substituiç­ão do deputado do Amazonas da Mesa Diretora. A decisão ainda vai a referendo do tribunal.

A substituiç­ão de Ramos seria inusual e uma reviravolt­a nas regras da Casa.

A pressão do PL se baseia em dispositiv­o do regimento da Câmara que prevê que o integrante da Mesa que trocar de partido perde automatica­mente o cargo. Mas decisão da própria Câmara, em 2016, flexibiliz­ou a regra e permitiu troca para partidos do mesmo bloco.

A ida de Bolsonaro para o PL fez com que Ramos migrasse para o PSD. Na justificaç­ão de desfiliaçã­o junto ao TSE, Ramos foi amparado por uma carta de anuência do presidente do PL.

O documento diz que a permanênci­a do amazonense no quadro de filiados “causaria constrangi­mentos de natureza política para ambas as partes”, e que, a legenda concordava com a desfiliaçã­o.

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