Com falta de peças, preços altos e crédito caro, produção de veículos cai 14% até abril
SÃO PAULO Abril terminou com 185,4 mil veículos leves e pesados produzidos no país. O número representa uma queda de 2,9% em comparação ao mesmo mês de 2021, segundo a Anfavea (associação das montadoras).
Na comparação entre o primeiro quadrimestre deste ano e de 2021, a fabricação caiu 13,6%. A principal razão para os resultados ruins é a falta de semicondutores, mas a combinação de crédito mais caro com a alta no preço dos carros também leva à retração.
A variação entre os meses de março e abril indica estabilidade. Houve alta de 0,3%, e os movimentos de agora mostram que não deve haver melhora neste cenário.
A produção no mês de maio começou comprometida devido à escassez de semicondutores. Desde segunda (9), 2.500 funcionários da Volkswagen entraram em férias coletivas na fábrica de São Bernardo do Campo (SP). A paralisação se estenderá por 20 dias.
Márcio de Lima Leite, novo presidente da Anfavea, diz que 29 novas fábricas de semicondutores estão em construção mundo afora, com inaugurações a partir do segundo semestre —espera-se que todas estejam em funcionamento até o fim de 2023. Segundo o executivo, esse aumento da produção deve regularizar o fornecimento desses itens.
Em Jacareí (SP), o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região segue negociando a manutenção de empregos com a Caoa Chery. Na semana passada, a montadora anunciou o fechamento da unidade e o investimento em carros híbridos e elétricos.
A fabricante prepara a apresentação desses modelos, que deverá ocorrer em junho. Mas, a princípio, todos serão importados da China ou montados em Anápolis (GO).
O fechamento da unidade de Jacareí vai impactar o nível de empregos diretos nas empresas do setor. Hoje, há 101,7 mil trabalhadores nas montadoras, o que significa queda de 2,9% na comparação com abril de 2021.
As vendas seguem em um ritmo lento de crescimento ao longo de 2022, mas ainda distante de recuperar as perdas em relação a 2021.
Foram comercializadas 147.256 unidades no último mês, alta de 0,3% em relação a março, que teve dois dias úteis a mais. Os dados são baseados no Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores).
Em relação a abril de 2021, houve queda de 15,9% na comercialização de veículos. O primeiro quadrimestre encerrou com 552.924 unidades licenciadas, o que significa retração de 21,4% na comparação com o mesmo período do ano passado.
Os estoques se mantiveram entre março e abril. Há carros disponíveis para atender a 26 dias de comercialização. É um número historicamente baixo, mas seria ainda menor caso as vendas estivessem em ritmo mais acelerado.
A associação das montadoras acredita que a espera por uma nova rodada de redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializado) tenha gerado o represamento das vendas em alguns dias do último mês. No fim, os carros de passeio não foram incluídos na medida.
“A partir do segundo semestre, há uma expectativa de crescimento, que pode recuperar o que foi perdido nos últimos meses”, afirma o novo presidente da Anfavea.
As exportações subiram 17,9% no quadrimestre.