SURPRESA INGRATA
O sentimento no Supremo Tribunal Federal (STF) com militares que hoje integram o Ministério da Defesa é de “decepção total”, de acordo com magistrado que participa do debate sobre o processo de votação no Brasil. Com um histórico de colaboração antigo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a guinada de representantes das Forças Armadas no tema surpreendeu negativamente integrantes da corte. As críticas têm partido de diversos ministros.
PERFIL
Apesar das investidas do presidente Jair Bolsonaro (PL) contra as urnas eletrônicas, magistrados acreditavam que os representantes do Ministério da Defesa chamados a integrar a Comissão de Transparência das Eleições, criada no ano passado pela corte, manteriam uma posição colaborativa e profissional.
TUMULTO
Em vez disso, os fardados passaram a fazer dezenas de questionamentos e a tumultuar a discussão, de acordo com a visão de ministros do Supremo e de lideranças do Congresso.
TUMULTO 2
A inclusão das Forças Armadas no assunto inclusive não é nova. Novo seria o comportamento agora adotado pelos militares.
MISSÃO
As Forças Armadas participaram, no passado, da concepção da urna eletrônica, por exemplo. E hoje distribuem as máquinas pelas zonas eleitorais do país todo.
MISSÃO 2
Em 2019, elas foram consideradas “entidades fiscalizadoras, legitimadas a participar das etapas do processo de fiscalização” do sistema eletrônico de votação por uma resolução aprovada pelo plenário do Supremo.
BARULHO
A comissão de transparência criada pelo então presidente do TSE Luís Roberto Barroso em 2021 incluiu praticamente todas as entidades citadas na resolução de 2019. A única que até agora causou ruído, no entanto, foi a força militar.
TAPETE SUJO
Um dos magistrados compara a situação à de uma reunião em que diversas pessoas são convidadas —e uma delas chega inesperadamente intoxicada e “vomita no tapete”.
TAPETE 2
O absurdo não seria do anfitrião que a convidou (no caso, o TSE), mas sim do convidado que, com um histórico de comportamento civilizado, passa a ter atitudes deletérias.
TAPETE 3
As Forças Armadas são uma instituição de estado e já participavam das fiscalizações. O lamentável é parte delas passar a se comportar em linha com Bolsonaro, na visão de ministros da corte.
OFENSA
O Ministério da Defesa nega que esteja atacando o sistema eleitoral. Há duas semanas, quando Barroso elogiou as Forças, mas afirmou que havia uma tentativa de orientá-las a desacreditar o processo, a pasta chegou a dizer que estava sendo vítima de uma “ofensa grave”.
PARE
A Associação Brasileira de Juristas pela Democracia acionou a Ordem dos Advogados do Brasil no Paraná pedindo a impugnação do pedido de inscrição do ex-procurador Deltan Dallagnol (Podemos-PR) em seus quadros. A entidade acusa o ex-coordenador da operação Lava Jato e pré-candidato a deputado federal de não ter idoneidade moral, o que violaria um dos pré-requisitos para integrar a OAB. Dallagnol não respondeu até a conclusão desta edição.
HUMOR
A série “Harina”, desenvolvida pelo Backdoor México, braço internacional do Porta dos Fundos, vai estrear no canal Comedy Central Brasil no próximo dia 19. A trama gira em torno do tenente Harina, a versão mexicana de Peçanha, personagem interpretado por Antonio Tabet. A produção foi criada após o grande sucesso da esquete de mesmo nome, disponível no YouTube e que poderá ser vista no Comedy Central Brasil nesta quinta (12).
PAPO
O escritor Steven Johnson vai participar de duas palestras da edição deste ano do Fronteiras do Pensamento, que terá início no mês de junho. Com o tema “Tecnologias para a Vida”, o evento terá seis conferências presenciais, em São Paulo e em Porto Alegre, e seis em formato virtual.
MERGULHO
A passagem entre a estação de metrô Sumaré a o prédio do Unibes Cultural, em São Paulo, vai ganhar nesta quarta (11) um painel gigante feito com cerca de 1.400 latas de alumínio. A instalação reproduz uma obra do fotógrafo Marcelo Krause, que se notabilizou por seu trabalho em Fernando de Noronha, e traz um registro subaquático de uma tartaruga-de-pente. A ação é realizada pela Ball Corporation e pela Unibes Cultural.