Folha de S.Paulo

Brasil monitora 28 casos suspeitos de hepatite misteriosa que atinge crianças

Ministério da Saúde diz que os quadros, registrado­s em 7 estados, estão sendo investigad­os e pede notificaçã­o imediata

- Mateus Vargas

“Na última semana ocorreram alguns avanços importante­s com as pesquisas adicionais e alguns refinament­os das hipóteses de trabalho Philippa Easterbroo­k cientista da OMS

BRASÍLIA O Ministério da Saúde informou nesta quartafeir­a (11) que monitora 28 casos suspeitos de uma misteriosa hepatite que afeta especialme­nte as crianças.

Estes casos sob análise foram registrado­s nos estados de São Paulo (8), Rio de Janeiro (7), Minas Gerais (4), Paraná (3), Espírito Santo (2), Pernambuco (2) Santa Catarina (2).

“Os casos seguem em investigaç­ão. Os Cievs (Centros de Informaçõe­s Estratégic­as de Vigilância em Saúde) e a Renaveh (Rede Nacional de Vigilância Hospitalar) monitoram qualquer alteração do perfil epidemioló­gico, bem como casos suspeitos da doença”, afirmou a Saúde, em nota. A pasta ainda declarou que profission­ais de saúde devem notificar as suspeitas imediatame­nte.

A ocorrência em crianças saudáveis é considerad­a incomum pelas agências de saúde e especialis­tas. Isso porque nenhum dos vírus causadores da doença foi detectado nesses pacientes.

A hepatite é uma inflamação do fígado que pode ser causada por infecções virais e até pelo consumo excessivo de álcool, assim como alguns medicament­os e substância­s tóxicas. Existem cinco vírus conhecidos que causam a hepatite: A, B, C, D e E. Além desses, há a hepatite autoimune, em que o próprio sistema imunológic­o do corpo ataca o fígado.

A OMS (Organizaçã­o Mundial da Saúde) informou na terça-feira (10) que foram registrado­s 348 casos prováveis de uma misteriosa hepatite.

“Na última semana ocorreram alguns avanços importante­s com as pesquisas adicionais e alguns refinament­os das hipóteses de trabalho”, disse, em entrevista coletiva, Philippa Easterbroo­k, do programa mundial da OMS sobre a hepatite. “Atualmente, as principais hipóteses são as que envolvem o adenovírus, e também continua sendo importante o papel da Covid”, declarou ainda.

A OMS foi notificada pela primeira vez em 5 de abril sobre 10 casos na Escócia em crianças com menos de 10 anos. Depois do aparecimen­to dos primeiros casos nos EUA, as autoridade­s de saúde do país chegaram a relacionar a doença ao adenovírus 41.

No entanto, essa hipótese foi descartada logo que as investigaç­ões demonstrar­am que nem todas as crianças doentes tinham sido infectadas pelo vírus. De acordo com a OMS, de 169 casos incluídos em um relatório recente, pelo menos 74 tiveram infecção por adenovírus, sendo apenas 18 pelo adenovírus 41.

Outra suspeita que foi descartada, pelo menos como causa principal da hepatite, é a Covid-19. O mesmo relatório da OMS apontou que apenas 20 dos 169 pacientes identifica­dos tiveram diagnóstic­o positivo para o coronavíru­s. Nem mesmo a vacina contra a Covid pode ser considerad­a, uma vez que a maior parte das crianças não chegou a receber o imunizante.

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