Folha de S.Paulo

Querido por gerações, foi mestre e amigo dos alunos

JORGE SALIM JORGE (1932-2022)

- Patrícia Pasquini coluna.obituario@grupofolha.com.br

SÃO PAULO Bedel, inspetor de alunos e disciplina­dor. Diversos termos definem a função que Jorge Salim Jorge desempenha­va na unidade da avenida Paulista do Colégio Objetivo, no centro de São Paulo. Mas para os alunos, as palavras que melhor o definiam eram outras: mestre e amigo.

Jorjão, como era conhecido, ensinou a todos como ter paciência e boa vontade com os outros.

“Simples e espontâneo, o que ele falava funcionava como uma ordem. Com ele, entramos no espírito que uma escola deve ter: a gente tem que se posicionar para os alunos como um amigo que está lá para ajudar”, afirma o professor Giuseppe Nobilione, coordenado­r pedagógico e de matemática.

Descendent­e de libaneses, Jorjão era paulistano. Arrancava sorrisos dos alunos com seu jeito meio italiano: falava alto, gesticulav­a e esbanjava alegria.

Jorjão encantou gerações ao longo dos 52 anos que trabalhou no local. Chegava sempre por volta das 6h e tinha um talento especial para colocar os estudantes dentro da sala. Se necessário, avisava o professor que o estudante estava em cima da hora e todos aguardavam o início da aula. Ele também acompanhav­a os jovens nos campeonato­s, eventos e atividades extraclass­e.

“O prazer dele era trabalhar no Objetivo. Sua vida era o colégio. A presença do Jorjão era a certeza de um ambiente bom e saudável por causa do carinho que tinha por todos”, diz Giuseppe.

Com a perda do pai ainda criança, Jorjão foi criado pela mãe e pelo avô, que se tornou sua referência paterna. Começou a trabalhar muito cedo, vendendo frutas num mercado. Depois, virou funcionári­o de uma fábrica de sapatos e, na sequência, foi para o Objetivo. Ficou no colégio até os 88 anos e chegou à função de coordenado­r, segundo a médica Carmen Lisa Jorge, 58, sua filha.

Jorjão era alegre, comunicati­vo, dedicado e trabalhado­r. Perspicaz, sabia se um aluno estava feliz ou triste só pela observação.

“Figura emblemátic­a, tinha atenção e cuidado. Ele se interessav­a por todos, chamavaos pelo nome e transmitia a sua alegria. Deixou para nós a melhor lição de vida, recordaçõe­s e valores importante­s, dedicação e companheir­ismo”, afirma a diretora do Colégio Objetivo, Maria Luiza Guimarães.

Ele morreu no último dia 9, aos 90 anos. Viúvo, deixa três filhos e cinco netos.

7º DIA

PATRICIA CARNEIRO FACCHINI Sábado (14/5) às 16h, Igreja São Luís Gonzaga, Cerqueira César, São Paulo (SP)

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