Folha de S.Paulo

Juliette solta a voz ao vivo após turbilhão do BBB

Vencedora do reality, a paraibana, mãe dos cactos e cantora impulsiona­da por Anitta, se diz ‘sempre contra Bolsonaro’

- Lucas Brêda

Pouco antes do Big Brother Brasil 21, reality do qual sairia campeã, Juliette Freire se dividia entre estudar para concursos, trabalhar como advogada e num salão de beleza. Pouco mais de um ano depois de levar R$ 1,5 milhão, ela diz que trabalha ainda mais agora —produz conteúdo para as redes, faz peças publicitár­ias e ensaia para sua primeira turnê.

“Ficava pensando ‘quando eu conseguir chegar aonde quero, ter dinheiro e tudo mais, vou viajar, passear, curtir a vida’. E não é assim. Quanto mais famosa, mais trabalho. E quanto mais dinheiro, mais trabalho.”

Vencedora de uma das edições de maior audiência do BBB, Juliette reuniu uma legião de fãs fervorosos. Costumava soltar a voz nas festas, as cantorias viralizara­m e, quando ela saiu da casa, transformo­u a brincadeir­a em carreira —sua turnê de estreia chega a São Paulo nesta sexta-feira.

“Nunca me imaginei sendo cantora. Eu cantava com os meus amigos, brincando. Mas, quando saí do programa e vi que as pessoas me reconhecer­am como cantora, fiquei lisonjeada e muito surpresa.”

Logo que saiu do BBB, soube que tinha um EP inteiro pronto, feito com a ajuda de Anitta, só faltando pôr a sua voz. “Meus produtores e sócios são meus amigos, era com eles que eu ficava cantando. Apresentar­am esse projeto à Anitta, que aprovou e o construiu junto com eles.”

Juliette escolheu as músicas de que mais gostou das que foram apresentad­as, fez ajustes, trocou instrument­os e acrescento­u sua voz às faixas. Mas ela teve de botar um freio nos planos de virar cantora.

“Puxei o freio de mão. Não saí tão bem psicologic­amente. Não estava preparada”, diz. “Quando você sai, é assustador. Estava nesse processo de recuperar o que eu tinha perdido de juízo no programa.”

Batizado “Juliette”, o EP foi lançado depois que a EX-BBB já tinha cantado em lives de gente como Gilberto Gil, Elba Ramalho e Wesley Safadão. As músicas são baseadas no forró, mas passeiam também pela MPB e pelo sertanejo, incluindo várias baladas, algo que reflete sua introspecç­ão após a saída do BBB.

“Minhas músicas são mais calmas. Estou mais retraída. Se você pegar o EP e me ver cantando hoje no show, vai ver outra música. Hoje, canto de peito aberto. Antes eu estava fechadinha, vulnerável.”

Ela diz que esse período de fragilidad­e, medo da pandemia e insônia durou cerca de seis meses, mas a experiênci­a que teve vai deixar marcas.

“Acho que uma pessoa que participa de um reality nunca mais fica normal. Mas estou bem mais segura e confortáve­l nessa vida agora.”

No show, ela homenageia artistas nordestino­s clássicos, como Luiz Gonzaga e Dominguinh­os, canta Chico César e também Duda Beat e Marina Sena. Seu estilo, diz, é uma mistura do que escuta, algo entre a MPB, o forró e o pop.

“Se eu tivesse um potinho, colocaria um pedacinho de Caetano, de Gil, de Anitta, de Ivete, de Maria Gadú, de Paralamas do Sucesso. Não preciso ser só a cantora que senta no banquinho. Também posso descer a bunda até o chão.”

Se depender do afã dos cactos, como são conhecidos seus seguidores, para multiplica­r os plays no streaming e comprar ingressos, a carreira musical de Juliette não deve ter problemas para decolar. Ela, porém, conta que esses fãs muitas vezes se excedem em sua defesa e diz que muitas vezes age como mãe deles.

“Quando eu acho que passa do limite, que passa do saudável, eu intervenho rapidament­e. Vejo meus fãs buscando valores positivos, mas há uma pequena parcela que existe e precisa ser instruída, acolhida e repreendid­a. Quando eles têm boas atitudes, eu exalto e apoio. É como uma mãe faz com os filhos. Nem sempre os filhos vão ter boas atitudes. A gente tem que educar e repreender.”

Hoje com um a visibilida­de gigante —só no Instagram, ela é seguida por mais de 30 milhões de pessoas—, Juliette diz que entende a responsabi­lidade que carrega e toma cuidados ao se comunicar. Nas próximas eleições, acredita que pode usar essa voz para se posicionar “em prol da sociedade”.

Sobre seu voto, diz que está “analisando o cenário”. “A minha posição é contra Bolsonaro sempre. Já falei isso explicitam­ente, falo inclusive nas minhas músicas. Não apoio a postura dele. Então, por enquanto, esse é meu único posicionam­ento.”

Juliette em São Paulo

Espaço Unimed - r. Tagipuru, 795, São Paulo. Sex. (13), às 22h. R$ 140

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Divulgação A cantora Juliette Freire em ilustração feita pelo paraibano Chico Shiko

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