Santa Cruz quer reorganizar polícia do RJ e rejeita o presidente
rIo dE jaNEIro Pré-candidato ao Governo do Rio de Janeiro, o advogado Felipe Santa Cruz (PSD) defende uma grande reorganização da polícia e do sistema de Justiça para enfrentar o problema da segurança no estado. Ele afirma que, se eleito, tem como compromisso recriar a secretaria estadual de Segurança e implantar câmeras nos uniformes policiais, medida obrigatória por lei estadual, cujo cumprimento está atrasado.
Santa Cruz foi o primeiro pré-candidato ao governo fluminense entrevistado em sabatina realizada por Folha e UOL, nesta segunda-feira (16).
O advogado fala em criar corregedoria independente para as polícias, ouvidoria externa e defende investimentos em tecnologia e treinamento. Argumenta ainda que é preciso recuperar o legado que começou a ser construído com a intervenção federal em 2018, mas que acabou abandonado. “A intervenção teve, sim, pontos positivos. As discussões técnicas têm que ser recuperadas”, diz.
Ex-presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) nacional e da seccional do Rio, Santa Cruz diz que seu currículo mostra que ele é capaz “de fazer algo mais amplo do que só tratar das polícias”.
Segundo ele, é necessário trabalhar na integração entre as polícias e o Ministério Público, o Poder Judiciário e a Secretaria de Administração Penitenciária. “Ou seja, organizar a polícia e todo o sistema de Justiça para uma maior institucionalidade. Uma polícia que tenha que agir, que recupere essas áreas [sob comando do crime], que tenha firmeza na sua ação, mas que tenha técnica, procedimento e cumpra a lei.”
Ele diz que considera equivocada a decisão do STF que restringiu as operações policiais nas favelas do estado para casos excepcionais durante a pandemia. “É a população dessas comunidades que precisa mais da proteção do estado. [Com essa decisão] aceito que o estado não pode ingressar nas comunidades, crio uma fronteira como se a polícia fosse por si só sempre homicida, e entrego comunidades na mão do crime.”
Com 3% das intenções de voto, segundo pesquisa Datafolha divulgada em abril, Santa Cruz diz que acredita em uma aliança entre o PSD e o PDT, que tem Rodrigo Neves como pré-candidato. Os partidos ensaiaram aproximação, mas não chegaram a um consenso sobre a cabeça da chapa.
“Buscamos esse apoio e sigo acreditando nele. Falo permanentemente com Rodrigo Neves, Eduardo [Paes] conversa com o Lupi [Carlos Lupi, presidente nacional do PDT]. Confio que a aliança se formará até o prazo final das convenções.”
No campo nacional, Santa Cruz diz que acha difícil o firmamento de uma terceira via entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL).
Ele não revelou apoio a candidatos à Presidência, dizendo que respeita todos do campo democrático, mas rejeita Bolsonaro. “O Brasil vai fazer escolha entre a democracia ou mais quatro anos de erosão da sua vida institucional”, disse. “O governo Bolsonaro é marcado pela tensão e pela busca constante do presidente em fragilizar a democracia.”
Santa Cruz disse que o PSD tem capacidade de discutir quem apoiará nas eleições, e que está em boas mãos soba liderança de Gilberto Kassab. Quando questionado sobre Lula e Ciro Gomes (PDT), o advogado respondeu que se sentiria confortável com ambos em seu palanque.
O primeiro levantamento do Datafolha no RJ trouxe Marcelo Freixo( PS B) com 22% e Cláudio Castro( P L) com 18% das intenções de voto. A pesquisa tem margem de erro de três pontos percentuais para mais ou para menos. Os demais estão quase todos em empate técnico: o ex-prefeito de Niterói Rodrigo Neves (PDT), com 7%, Eduardo Serra (PCB), com 5%, Cyro Garcia (PSTU), com 4%, Felipe Santa Cruz (PSD), com 3%, e o deputado federal Paulo Ganime (Novo), com 2%.
Sobre seu índice baixo de intenções de voto, Santa Cruz respondeu que no Rio não há polarização eque as candidaturas não estão consolidadas. “O povo fluminense ainda não decidiu em quem vai votar. Temos muita convicção que vamos crescer eter chances concretas de vitória ”, disse.
A entrevista com Santa Cruz foi conduzida pelos colunistas d oU OLKennedyAlenc are Chico Alves e pelo repórter da Folha I talo Nogueira. Ass abatinas são ao vivo, ecadap ré-candidato tem 60 minutos de fala.