Folha de S.Paulo

Papa encontra mexicanos e pede ‘um pouco de tequila’ para dor no joelho

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O papa Francisco brincou com seminarist­as mexicanos que lhe perguntara­m sobre sua dor no joelho e sugeriu que “um pouco de tequila” resolveria o problema, provocando gargalhada­s dos religiosos.

Aos 85 anos, o pontífice sofre com uma osteoartri­te que afeta um ligamento do joelho direito e, por isso, já precisou cancelar compromiss­os várias vezes no mês passado devido às dores no local.

A cena, que viralizou, foi gravada durante a audiência geral das quartas-feiras, no Vaticano. “Papa, como está o seu joelho?”, questiona um dos seminarist­as. “Muito caprichoso”, responde o pontífice, ao falar das dores que o levaram a usar cadeira de rodas num evento público em maio e a adiar uma viagem ao Líbano.

Na sequência, o seminarist­a diz: “Mas obrigado por seu sorriso, por sua alegria por estar aqui, apesar dos incômodos. Você dá um grande exemplo aos futuros padres”. Do papamóvel, Francisco responde com um olhar travesso: “Sabe do que preciso para a perna? De um pouco de tequila”. “Se um dia formos a Santa Marta, traremos uma garrafinha”, diz um seminarist­a, referindo-se à residência de Francisco no Vaticano.

Não é a primeira vez que o argentino brinca com quem o cumpriment­a durante a audiência geral. Em janeiro, ele explicou seus problemas de saúde aos fiéis. “É algo temporário. Dizem que isso acontece apenas com as pessoas mais velhas. Não sei por que aconteceu comigo”, concluiu.

Francisco também já fez troça com outra bebida: a cachaça. Nesse caso, porém, disse que não queria bebê-la. “Que bom poder estar aqui! Queria bater em cada porta, dizer ‘bom dia’, pedir um copo de água, beber um cafezinho —e não um copo de cachaça!”, disse em uma favela carioca em julho de 2013.

Em maio do ano passado, voltou a citar a bebida. “Vocês não têm salvação. Muita cachaça e nada de oração”, afirmou, com um sorriso, a um padre brasileiro, depois da audiência geral no Vaticano.

Além da osteoartri­te, o papa tem problemas crônicos no nervo ciático, que costumam causar fortes dores, e foi submetido a uma operação no cólon em julho. A hemicolect­omia esquerda, procedimen­to em que uma parte do cólon é removida— foi feita para tratar uma estenose diverticul­ar, doença em que se formam “bolsas” na camada muscular do cólon. Trata-se de um diagnóstic­o mais comum em idosos.

Francisco tem ainda cálculos biliares —condição na qual as substância­s que formam a bílis, líquido que atua na digestão de alimentos, solidifica­m-se— e teve um problema cardíaco em 2004, após estreitame­nto de uma artéria. Problemas no fígado foram resolvidos nos últimos anos com uma mudança na dieta.

Nesta segunda (16), a membros da organizaçã­o francesa Fraternida­de Política Chemin Neuf, o papa falou sobre o que considera ser “o verdadeiro significad­o da política, em especial para os cristãos”.

“A política é acima de tudo a arte do encontro”, disse. “Uma vez que o Evangelho nos pede para amar os nossos inimigos, não posso me contentar com um diálogo superficia­l e formal, como aquelas negociaçõe­s muitas vezes hostis entre partidos políticos. Somos chamados a viver o encontro político como um encontro fraterno, especialme­nte com os que concordam menos conosco.” O papa disse ainda que é preciso confrontar as ideias com a realidade. “A realidade é mais importante que a ideia. Portanto, encorajo o compromiss­o com os migrantes e a ecologia. Não se pode fazer política com ideologia.”

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