Músico e dono da orquestra que deixa saudade nos bailes
JOSÉ LUIZ MARQUES (1949-2022)
SÃO PAULO O ônibus estacionado em frente à sede central do Grêmio C.P. foi tradição durante décadas nos carnavais do clube formado em 1900 por funcionários da Companhia Paulista de Estradas de Ferro em Jundiaí (SP). Nos bailes de lá, só a banda City Swing tocava.
E durante 30 dos 55 anos de história da orquestra, José Luiz Marques estava no palco ao lado do pai, Alcides Antonio Marques, trompetista como ele e fundador do grupo musical que tocou em carnavais, bailes de clubes, de debutantes e de formatura em praticamente todo o interior de São Paulo, em cidades do Paraná e do sul de Minas Gerais.
A City Swing nasceu com o sangue da família. Também filho de músico, Alcides aprendeu a tocar aos 12 anos, e em 1944, junto com amigos, montou a orquestra em Jundiaí, para onde a família de Vinhedo, também no interior paulista, se mudou quando ele ainda era criança.
A herança musical passou para a geração seguinte. José Luiz e o baterista Antonio, os dois únicos homens dos oito filhos de Alcides, entraram jovens na orquestra, assim com a irmã pianista Lourdes, que deixou os palcos quando se casou.
José Luiz Marques e o irmão se tornaram uma espécie de administradores da orquestra, que crescia sem parar e chegou a tocar com cantores consagrados, como Cauby Peixoto, Nelson Gonçalves, Sílvio Caldas, Aguinaldo Rayol e Jair Rodrigues.
Em seu auge, da década de 1960 a de 1980, a City Swing chegou a ter 15 músicos no palco. Tanto que, em 1982, comprou um ônibus, aquele com o nome da orquestra estampado na lataria e que servia de cartão de visitas na frente dos clubes.
“Era para dar independência, já que a orquestra viajava todo fim de semana, e servia ainda como marketing”, afirma George André Savy, 55, primo dos irmãos, que sempre pegava uma carona para acompanhar os bailes.
Foi nos bailes da vida que José Luiz conheceu Mirtes, cantora da orquestra com quem decidiu se casar.
A banda City Swing terminou no fim da década de 1990, como reflexo da degradação dos clubes, que passaram a fechar portas.
José Luiz, trompetista da City Swing, decidiu manter a carreira musical, tocando em grupos menores até recentemente, quando descobriu um câncer. Nascido em 13 de agosto de 1949, ele morreu no último dia 8, aos 72 anos.
Deixa a mulher e a filha, Amanda. Além de gerações de casais, que durante décadas dançaram ao som de seu pistão, nos lendários bailes comandados pela banda City Swing.
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