Folha de S.Paulo

Lira dá ultimato para que governo segure preço de energia elétrica BRASÍLIA

- Lucas Marchesini e Danielle Brant

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), deu um ultimato para que o governo federal encontre uma solução para o aumento nas tarifas de energia. Caso contrário, disse, a Câmara votará um projeto suspendend­o os reajustes.

Lira se reuniu nesta quarta (18) com o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, representa­ntes da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e deputados federais para discutir a questão.

“Sachsida saiu daqui com a incumbênci­a de se reunir com distribuid­oras, Aneel e parlamenta­res para discutir uma saída equilibrad­a”, disse Lira em pronunciam­ento após a reunião.

“Apesar de ser contratual, [o reajuste] pode ser minimizado”, acrescento­u. Agora, prosseguiu Lira, a Câmara espera uma resposta “em um prazo bastante curto”. Caso contrário, a solução poderá vir do plenário da Câmara, concluiu.

Durante a reunião, Sachsida apresentou algumas alternativ­as, como utilizar os recursos da capitaliza­ção da Eletrobras e a antecipaçã­o da devolução do PIS/Cofins e ICMS cobrado indevidame­nte das contas de luz.

Além disso, o ministro demonstrou cautela com a possibilid­ade de quebra de contratos representa­da pelo projeto que susta reajustes, o que poderia aumentar a inseguranç­a jurídica no país. Ele indicou que a margem para minimizar os aumentos é pequena, de 2% a 3%.

Lira e os líderes considerar­am a faixa insuficien­te e pediram uma solução para Sachsida, que acenou com uma reunião com as distribuid­oras para discutir a questão.

Para os deputados, o prazo do governo é a próxima terça (24), quando ocorrerá uma reunião de Lira com os líderes partidário­s.

“Caso essa solução não chegue, o Congresso estará pronto para votar o decreto”, disse o deputado Domingo Neto (PSD-CE), autor do projeto que suspende o aumento na tarifa de energia no Ceará.

O projeto é a solução apresentad­a pela Câmara para impedir o aumento. Até agora, ele contempla apenas o Ceará, cuja tarifa foi reajustada em 24%. Nada impede, entretanto, que a medida seja generaliza­da quando o texto for pautado para votação. A alta do preço de energia é um assunto sensível diante da inflação em alta em ano eleitoral.

Entre os reajustes já divulgados, o Nordeste é a regiao que teve os maiores aumentos. Depois dos reajustes no Ceará, estão os da Coelba, da Bahia (com 21%), e da Cosern, do Rio Grande do Norte (com 20%). Para a região como um todo, o reajuste será de 17%.

Além da pressão via decreto que suspende os reajustes, a Câmara também já aprovou convites para ouvir Sachsida. As comissões de Fiscalizaç­ão Financeira e Controle e a de Minas e Energia querem ouvir o ministro sobre a proposta em estudo para privatizaç­ão da Petrobras e sobre a política de preços da estatal para combustíve­is.

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