Índice da Bolsa dos EUA tem maior queda em 2 anos, sob temor de inflação e recessão global
O sentimento de maior cautela voltou a dar o tom nos mercados financeiros nesta quarta (18), com queda das Bolsas globais e nos preços das commodities. Riscos relacionados à inflação e ao crescimento da atividade econômica em escala global voltaram a pesar no humor dos investidores.
O S&P 500 marcou desvalorização de 4,04%, a maior queda diária desde junho de 2020. O Dow Jones cedeu 3,57%, e o Nasdaq, 4,73%.
No Brasil, o Ibovespa encerrou o dia em baixa de 2,34%, aos 106.247 pontos, puxado para baixo pelas ações de commodities e dos grandes bancos. Foi a primeira queda após cinco sessões de alta.
O desempenho ruim mostrou uma mudança de humor dos investidores em relação à véspera, quando o apetite ao risco dominou os mercados em meio às perspectivas de relaxamento nas restrições de mobilidade na China.
A maior aversão ao risco nesta quarta levou o dólar a ganhar força ante o real.
Após ter fechado na véspera com queda de 2,2%, a moeda americana retomou a tendência de alta e fechou nesta quarta cotada a R$ 4,9840, valorização de 0,87% ante a sessão passada. Na máxima do dia, a moeda chegou a encostar em R$ 5,001.
O dia foi de fortalecimento da moeda americana em escala global. O DXY, índice que mede a força do dólar ante uma cesta de moedas, avançava 0,54% por volta das 17h30.
O preço do barril de petróleo do tipo Brent marcava baixa de 2,65%, a US$ 108,99, arrastando junto ações de empresas do setor. Os papéis ordinários da Petrobras recuaram 2,26%, e os preferenciais tiveram perdas de 1,64%.
Também pesou para os preços da commodity a redução nas preocupações de operadores do mercado com uma crise de oferta depois que dados do governo americano mostraram que as refinarias dos EUA aumentaram a produção.
Já a cotação do minério de ferro negociado no mercado chinês também recuou na sessão, contribuindo para a depreciação em torno de 2,5% das ações da Vale.
Analistas dizem que ainda não há um fim no horizonte para os desafios da Covid a China, apesar da melhora da situação em Xangai que apoia o relaxamento das restrições.
O Goldman Sachs reduziu nesta quarta a previsão de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) da China em 2022 para 4%, de 4,5%, como resultado dos danos à economia relacionados à Covid-19 no segundo trimestre.
No setor financeiro, os papéis dos grandes bancos também experimentaram um dia de perdas generalizadas na Bolsa brasileira, com queda de 2,77% do Santander e de 1,86% do Bradesco.
As ações da Eletrobras também fecharam em baixa, de 0,73%, na expectativa da retomada de discussões sobre a privatização da companhia no TCU (Tribunal de Contas da União).
Nos Estados Unidos, as ações da varejista Target despencaram 25%, a maior queda diária desde o crash de 1987, após a empresa afirmar que a alta de custos deve impactar seu lucro anual. A rede Walmart, cujas ações caíram 6,8% nesta quarta, também alegou motivos semelhantes para reduzir sua previsão de ganhos neste ano.
Na visão de Camila Abdelmalack, economista na Veedha Investimentos, o mercado segue refém das notícias sobre a alta de juros nos Estados
Unidos e o noticiário sobre a Covid-19 na China.
Preocupações sobre o crescimento econômico e o aumento da inflação azedam o humor, agravado pela disparada de 9% nos preços ao consumidor britânico e uma aceleração acima do esperado na alta de preços no Canadá.
A inflação britânica atingiu sua taxa anual mais elevada desde 1982, enquanto a inflação canadense subiu para 6,8% no mês passado. A inflação no Reino Unido é agora a mais alta entre as principais economias, mas os preços estão subindo rapidamente em todo o mundo, forçando bancos centrais a aumentar as taxas de juros apesar do potencial impacto sobre o crescimento, como sugerido por um declínio modesto na construção de casas nos Estados Unidos em abril.
Reflexo da maior cautela dos investidores nos últimos tempos, o saldo de tesouraria das administradoras de fundos internacionais subiu ao seu valor mais alto desde o 11 de Setembro, segundo pesquisa do Bank of America.