Lula e Kassab sacramentam aliança eleitoral em Minas
União entre o PT e o PSD veio com ultimato de Lula e batida de pé de Kassab
A construção de um palanque único entre PT e PSD para as eleições 2022 em Minas Gerais teve um basta a correligionários do estado por parte do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e uma batida de pé do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab.
Houve ainda uma saída honrosa para o deputado federal Reginaldo Lopes (PT), um dos pivôs de impasse entre as legendas para a aliança.
O fim do embate entre PT e PSD em Minas Gerais garante a Lula palanque robusto no segundo maior colégio eleitoral do país na disputa pelo Palácio do Planalto. Ele terá em seu palanque o ex-prefeito Alexandre Kalil, do PSD, pré-candidato ao governo do estado.
O pré-candidato é bem avaliado por pesquisas na capital e região metropolitana, apesar de ser menos conhecido no interior. Para tentar mudar o quadro, Kalil já iniciou viagens de pré-campanha e esteve em cidades como Juiz de Fora (Zona da Mata) e Passos (sul).
Assim como Lula deverá polarizar com o atual presidente Jair Bolsonaro (PL), Kalil em Minas terá como principal adversário o governador Romeu Zema (Novo), líder nas pesquisas em busca da reeleição.
A batida de pé de Kassab foi em relação à decisão do partido de não abrir mão de ter o senador Alexandre Silveira (PSD) como candidato à reeleição na chapa.
O posicionamento foi transmitido diretamente a Lula, pré-candidato à Presidência da República, em reunião em São Paulo na sexta (13), da qual participaram também Kalil e a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann.
Já o PT pediu o posto de vice na chapa, que até então estava com o presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Agostinho Patrus (PSD).
Dois dias antes, Kalil havia dito em sabatina da Folha que queria aliança formal com Lula no estado.
O encontro terminou com a definição de que cada partido acertaria internamente os seus ponteiros. O PSD, então, abriu mão de Agostinho Patrus como vice na chapa.
Na terça (17), Lopes foi chamado a São Paulo por Lula. Gleisi também estava presente. O ex-presidente afirmou que chegava o momento de uma definição e que o acordo seria fechado com o PT na vice e o PSD na vaga para o Senado.
Lopes tinha apoio do PT estadual para sua pré-candidatura na chapa.
Passou-se então a buscar uma saída honrosa para ele, e ficou definido que Lopes será o coordenador local da campanha de Lula à Presidência.
O cargo, na prática, fica mais para a linha de “rainha da Inglaterra”, já que Lula tem como seu principal articulador em Minas Gerais o ex-ministro Walfrido dos Mares Guia. Procurado, Lopes não atendeu ligação feita pela reportagem.
Lula já tinha deixado claro que não havia definição sobre a vaga ao Senado na chapa, em sua viagem a Minas Gerais há cerca de dez dias.
Em ato com militantes na capital mineira, e com a participação de Lopes, Lula em momento algum se referiu ao parlamentar como pré-candidato ao Senado. Disse que alianças ainda seriam fechadas.
O impasse entre os dois partidos em relação à formação de chapa para as eleições 2022 fez com que Kalil não participasse da agenda de Lula na viagem a Minas.
O cabo de guerra pela vaga da chapa pelo Senado reduziu as chances de Lopes ser indicado pelo PT como vice na chapa.
No PSD, busca-se alguém considerado menos radical. Um dos nomes cogitados é o do deputado estadual André Quintão (PT), que disse à reportagem que viu pela imprensa seu nome citado como possível indicado.
Apesar de as decisões sobre a chapa terem sido tomadas antes, o anúncio da aliança ocorreu via divulgação, por Kalil, de um vídeo na noite desta quinta (19), com imagens suas e de Lula.
A assessoria do senador Alexandre Silveira informou que o parlamentar não vai comentar o fechamento da aliança com o PT em Minas.
O presidente estadual do partido em Minas, deputado estadual Cristiano Silveira, e a assessoria de Kalil não retornaram contatos da reportagem.