Revisão transforma em déficit saldo de estrangeiro na Bolsa de SP em 2021
A Bolsa brasileira, a B3, anunciou nesta sextafeira (20) a revisão dos dados de fluxo de estrangeiros no mercado acionário local nos anos de 2020 e 2021.
No início de abril, a B3 já havia informado sobre a revisão dos dados de aportes de estrangeiros na Bolsa referentes a 2022, que passaram de R$ 91 bilhões para R$ 64,1 bilhões, até abril, uma queda de aproximadamente 30%.
Pelos números informados nesta sexta, o fluxo de investidores estrangeiros em 2021, que antes apontavam para a entrada de R$ 70,8 bilhões, foram revisados para um resgate líquido de R$ 7,2 bilhões.
Em relação a 2020, os dados anteriores da B3 indicavam que os estrangeiros sacaram R$ 31,8 bilhões, quando na verdade o volume foi negativo em R$ 39,7 bilhões.
Segundo a B3, os dados que vinham sendo informados desde outubro de 2020 incluíam operações de empréstimos de ações feitas via tela, quando o serviço passou a ser oferecido pela Bolsa.
“Mas esse tipo de operação não tem um fluxo financeiro, ou seja, não tem um pagamento de um lado para o outro. É só um empréstimo, e não deveria ser contabilizado como compra ou uma venda”, disse Luis Kondic, diretor de produtos e dados da B3, durante coletiva com jornalistas no mês passado.
Os dados passaram a refletir agora as operações feitas nos mercados à vista, opções e termo, excluindo os dados de empréstimo de ativos.
O erro foi descoberto em meio a um processo de revisão interna da própria empresa, e também com base em questionamentos que chegaram de clientes.
O anúncio feito no mês passado sobre os números de 2022 gerou uma série de reações nas redes sociais, com a maior parte das publicações criticando a falha da B3 em relação à transparência dos números.
Com o anúncio da revisão nesta sexta, a B3 também anunciou uma mudança na metodologia para o cálculo dos dados de participação de investidores estrangeiros via ofertas públicas —abertura de capital (IPO, na sigla em inglês) e ofertas subsequentes (follow on).
Na metodologia anterior, a Bolsa usava as informações dos anúncios de encerramento das ofertas pelos emissores, que têm prazo legal de até seis meses para serem concluídos.
Com a alteração, serão considerados os dados de liquidação das operações realizadas no mercado primário nos sistemas da B3, com a defasagem sendo reduzida para dois dias.
Nos EUA, ações têm pior sequência semanal desde 2001
Os principais índices das Bolsas nos EUA marcaram nesta sexta (20) a sétima queda semanal em sequência, em um cenário de preocupação crescente dos investidores com o impacto do aumento dos juros para o ritmo da atividade econômica e para o lucro das empresas.
O S&P 500, que na quarta (18) tombou 4%, a maior queda desde junho de 2020, acumulou perdas de 3% na semana. O Dow Jones recuou 2,9% no intervalo, e o Nasdaq, 3,81%.
Foi a sétima semana seguida de queda para os índices S&P 500 e Nasdaq, a pior sequência desde o estouro da bolha de tecnologia em meados de 2001. Já o Dow Jones marcou a oitava semana seguida de baixas, a pior sequência desde 1932, quando os EUA atravessaram uma grave crise econômica.
Ações de empresas varejistas nos Estados Unidos, como Walmart e Target, foram duramente castigadas pelos investidores ao longo da semana, com o risco visto como cada vez maior de o aumento do juros conduzido pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano) gerar fortes impactos para as receitas das empresas com ações listadas em Bolsa.
“A inflação continua sendo um dos principais desafios para as empresas [nos EUA], fato que deixa os investidores mais apreensivos com o cenário econômica global”, apontam os analistas da Guide em relatório.
No Brasil, em uma sessão marcada pelo bom humor dos investidores após a China anunciar o corte na taxa de juros para estimular a economia, o dólar caiu 0,93%, cotado a R$ 4,8710 para venda. Na semana, a divisa americana recuou 3,7%, segunda baixa semanal seguida e a maior queda para o intervalo desde o final de março. No ano, a moeda passa a recuar 12,65%.
Na Bolsa de Valores, o Ibovespa avançou 1,39%, aos 108.487 pontos, impulsionado pelas ações de commodities e dos grandes bancos. Na semana, o índice de ações teve valorização de 1,46%, com alta de 3,5% no ano.
Os papéis da mineradora Vale registraram ganhos de 1,77%, enquanto as ações ordinárias da Petrobras avançaram 1,40%, e as preferenciais, 1,93%.