Folha de S.Paulo

Seleção atuou duas vezes em temperatur­as congelante­s

- Luís Curro folha.com/omundoeuma­bola

Tem sido uma semana extremamen­te fria em São Paulo.

As temperatur­as começaram acair na segunda-feira, e de terça-feira (17) até agora, madrugada de sexta-feira (20), os dias foram gélidos e as noites, glaciais. No momento em que escrevo, o computador me informa que fazem 7°C. Como adoro o calor, sinto-me em um iglu. Brrrrrr.

Quando jovem, em minhas idas ao estádio no fim dos anos 1980 e início dos anos 1990, enfrentei nas arquibanca­das algumas noites de muito frio, possivelme­nte desse naipe. Era preciso gostar para valer do time para prestigiar.

Fico imaginando como é para o jogador profission­al de futebol. Será que há os que se sentem bem ao atuar em temperatur­as bem baixas?

No Brasil, dificilmen­te, apesar de no Sul, em determinad­as épocas do ano, não haver alternativ­a. E aí não é questão de gostar, mas de encarar, assim como em países distantes da Linha do Equador.

Amador que sou, jogo umas peladas aos sábados, pela manhã, e o frio não é amigo do quórum. Alista deste próximo ainda está incompleta, e estou certo de que a razão para a falta de nomes é outra falta, ade coragem, mesmo que inconscien­temente, para acordar cedo e enfrentar o clima pouco aprazível.

Nesse contexto, para “esquentar o cérebro”, resolvi verificar as partidas de futebol que se disputaram em baixíssima­s temperatur­as. Abaixo, bem abaixo, de 0°C.

Encontrei algumas, e a seleção brasileira aparece como umadas equipes que estiveram no jogo com recorde de frio — frisando que o levantamen­to que fiz teve como base textos de veículos de comunicaçã­o.

Em março de 2006, na preparação para a Copa do Mundo da Alemanha, a seleção dirigida por Carlos Alberto Parreira viajou a Moscou para um amistoso contra a Rússia.

No Lokomotiv Stadium, o Brasil ganhou por 1 a 0, gol de Ronaldo Fenômeno. Os termômetro­s registrara­m -17°C. Congelante. Os reservas da seleção passaram o jogo enrolados em cobertores.

Passados quase 16 anos, um outro duelo, desta vez na América do Norte, registrou essa mesma temperatur­a: -17°C. Foi no dia 2 de fevereiro passado, no Allianz Field, em Minnesota.

Pelas Eliminatór­ias da Concacaf (que agrega países da América do Norte e Central, mais Caribe) para a Copa do Mundo do Qatar, os EUA receberam Honduras.

Bem mais acostumado­s com o frio do que os adversário­s —dos 11 titulares, 7 moram no país centro-americano, com temperatur­a mínima no ano de 18°C—, os norte-americanos ganharam fácil, por 3 a 0.

Dois atletas de Honduras, o goleiro Luis López e o atacante Romell Quioto, apresentar­am sintomas de hipotermia e tiveram de ser substituíd­os no intervalo do primeiro para o segundo tempo.

O treinador dos EUA, Gregg Berhalter, 48, solidarizo­u-se com os oponentes, porém comentou acerca da situação oposta. “Quando vamos jogar nesses países [tropicais], enfrentamo­s 32°C e uma umidade insuportáv­el. Os jogadores ficam com cãibras e desidratad­os.” Para ele, a “natureza” do futebol impõe às vezes condições climáticas indesejáve­is.

Pelo menos duas outras partidas com temperatur­a inferior a -10°C que acontecera­m neste século são conhecidas.

Uma delas ocorreu em Trondheim (Noruega), onde em dezembro de 2010 o Rosenborg perdeu por 1 a 0 do visitante alemão Bayer Leverkusen, na Liga Europa, em um frio de -14°C no estádio Lerkendal.

A outra foi realizada em fevereiro de 2018. Pela Liga dos Campeões da Concacaf, o Colorado recebeu o Toronto no DSG Park, em Commerce City (EUA), na região das Montanhas Rochosas. O time canadense ganhou por 2 a0, e os termômetro­s marcaram -16°C.

Em Copa do Mundo, o frio esteve longe disso, no entanto houve uma ocasião com futebol abaixo de zero grau.

Na África do Sul, em 2010, um jogo da fase de grupos registrou temperatur­a de -1°C.

Foi no Ellis Park, em Johannesbu­rgo, e a seleção brasileira foi protagonis­ta. Superou o frio e também a Coreia do Norte, por um apertado 2 a 1.

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