Folha de S.Paulo

Malê lança obras de senegalês que venceu Goncourt

- Walter Porto walter.porto@grupofolha.com.br José Simão A coluna não é publicada hoje excepciona­lmente

Entre os destaques do ano da Malê, editora que se dedica a jogar luz sobre autores negros de talento, estão dois livros do mais recente vencedor do prêmio Goncourt, o senegalês Mohamed Mbougar Sarr.

Primeiro escritor da África subsaarian­a a ganhar o maior prêmio francófono, o autor de 31 anos já tem o seu “Homens de Verdade” nas lojas e até o fim do ano traz “Terre Ceinte”, algo como terra cingida.

Já o livro pelo qual Sarr ganhou o Goncourt, “La Plus Secrète Mémoire des Hommes”, ou a memória mais secreta dos homens, vai sair pela Fósforo no ano que vem.

Esse tipo de bola dividida é normal para editoras independen­tes que projetam autores de qualidade. Por exemplo, outras apostas do ano da Malê são no compositor Martinho da Vila e nos contos de “A Vestida”, de Eliana Alves Cruz, que lançou “Solitária” pela Companhia das Letras.

“Quando comecei a Malê, publicava autores desacredit­ados pelo mercado. Hoje, esses autores estão disputados pelo mesmo mercado”, diz o editor Vagner Amaro. Ele não vê isso como um problema. “Um motivo de criar a editora era fazer com que as grandes olhassem para esses autores.”

É algo que Cristina Warth, dona da Pallas, também observa. Quando a editora lançou “Olhos d’água” há oito anos, Conceição Evaristo não era um nome amplamente conhecido, apesar da longa carreira. Hoje a obra tem status de clássico, e quando sair o inédito “Canção pra Ninar Menino Grande”, no segundo semestre, será recebido como lançamento de uma das maiores autoras brasileira­s.

“Vejo com bons olhos que editoras tenham esse senso de oportunida­de”, diz Warth, que comanda uma casa fundada em 1974. “Mas isso é um reconhecim­ento batalhado pela intelectua­lidade negra.”

flor da primeira música A Companhia das Letras, aliás, tem duas boas autoras brasileira­s em junho. Primeiro, Jarid Arraes prepara sua estreia nos romances após incursões bem-sucedidas como contista e poeta. “Corpo Desfeito”, sobre traumas numa família de mulheres, sai pela Alfaguara.

sombra da voz da matriarca Ea carioca Juliana Leite, que venceu o APCA por seu livro de estreia —“Entre as Mãos”, da Record—, publica “Humanos Exemplares”, história de uma mulher idosa que perde os amigos conforme envelhece sozinha —as memórias deles viram companhias invisíveis.

sobre automóveis de roma Nos próximos meses, a editora 34 traz a primeira edição brasileira do ensaio “A Cidade das Colunas”, em que o cubano Alejo Carpentier analisa a capital Havana; e da coletânea “Somos Todos Canibais”, que traz crônicas do antropólog­o Claude Lévi-strauss para o j- ornal italiano La Repubblica.

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A artista plástica Kika Carvalho fez pinturas para a edição de ‘O Cortiço’, clássico de Aluísio Azevedo, que sai pela Antofágica
a volta de joão romão A artista plástica Kika Carvalho fez pinturas para a edição de ‘O Cortiço’, clássico de Aluísio Azevedo, que sai pela Antofágica

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