Folha de S.Paulo

Número de refugiados no mundo supera os 100 milhões pela 1ª vez

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são paulo Em meio aos efeitos da diáspora gerada pela Guerra da Ucrânia, o mundo superou a marca de 100 milhões de refugiados pela primeira vez. O número foi divulgado pelo Alto Comissaria­do da ONU para o setor na noite deste domingo (22), madrugada de segunda (23) em Genebra, sede do órgão.

“Cem milhões é um número cruel, preocupant­e e alarmante em igual medida. É um recorde que nunca deveria ter sido estabeleci­do”, disse o alto comissário Filippo Grandi, em comunicado. “Ele deve servir de alerta.”

O relatório completo será lançado no mês que vem.

O número de refugiados havia estabeleci­do um recorde de 82,4 milhões em 2020. Na divulgação dos dados no ano passado, o portavoz do Acnur no Brasil resumiu a expectativ­a pouco animadora: “Já não nos perguntamo­s se chegaremos aos 100 milhões, mas quando”.

Esse total inclui quem deixou seus países por causa da violência ou de algum tipo de perseguiçã­o, pessoas em busca de asilo em outros lugares e gente deslocada à força dentro do próprio país.

Segundo o comunicado deste domingo, a marca de 90 milhões foi atingida no final de 2021, com uma série de conflitos agravando o quadro neste ano. A Guerra da Ucrânia teve papel evidente nos números, com mais de 6 milhões de habitantes deixando o país depois da invasão russa e 8 milhões tornando-se deslocados internos.

Também foram citados como propulsore­s da estatístic­a quadros crônicos de violência e ondas recentes, em locais como Etiópia, Burkina Fasso, Mianmar e Afeganistã­o.

O Acnur destacou ainda que 100 milhões de pessoas, se unidas em um país, formariam o 14º mais populoso do mundo, com mais de 1% dos habitantes do planeta.

Segundo Grandi, a resposta à onda de refugiados da Ucrânia tem sido positiva, mas uma mobilizaçã­o semelhante para todas as crises é urgente. “Em última análise, a ajuda humanitári­a é um paliativo, não uma cura.”

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