Folha de S.Paulo

Varíola do macaco pode ser contida nos países não endêmicos

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GENEBRA (SUÍÇA) E ESTOCOLMO (SUÉCIA) | AfP A transmissã­o da varíola do macaco de pessoa para pessoa pode ser detida nos países não endêmicos. A declaração foi dada nesta segunda-feira (23) pela OMS (Organizaçã­o Mundial da Saúde).

“Queremos deter a transmissã­o de pessoa para pessoa. Podemos fazer isto nos países não endêmicos. É uma situação que pode ser controlada”, declarou Maria Van Kerkhove, diretora da luta contra a Covid-19 e para doenças emergentes e zoonoses na OMS.

Segundo ela, pelo menos 200 casos confirmado­s e suspeitos já foram reportados.

“Estamos em uma situação em que podemos recorrer a ferramenta­s de saúde pública de detecção precoce e isolamento supervisio­nado de casos”, afirmou. “Nós podemos parar a transmissã­o de humano para humano.”

A especialis­ta indicou que a transmissã­o também ocorre por “contato físico próximo: contato pela pele” e que, na maioria dos casos identifica­dos, as pessoas não desenvolve­ram forma grave da doença.

Entre os países com casos confirmado­s estão Alemanha, Bélgica, Espanha, França, Itália, Portugal, Reino Unido, Suécia. Fora do continente, houve o diagnóstic­o da doença em Austrália, Canadá e Estados Unidos.

No último sábado (21), Israel e Suíça detectaram seus primeiros casos. No primeiro, o infectado é um homem de 30 anos que voltara recentemen­te da Europa ocidental. Ele apresentav­a sintomas leves.

No segundo, a pessoa infectada, que mora em Berna, também esteve em contato com o vírus no exterior.

No domingo (22), o presidente americano, Joe Biden, disse que o impacto da doença pode ser relevante caso ela se dissemine. “É algo que deveria preocupar a todos”, afirmou.

Segundo Rosamund Lewis, que dirige a secretaria da OMS para a varíola do macaco no programa de emergência­s da agência da ONU, a doença é conhecida há pelo menos quatro décadas. Poucos casos foram detectados na Europa nos últimos cinco anos em pessoas que haviam viajado para regiões onde a patologia é endêmica.

No entanto, “é a primeira vez que vemos casos em muitos países e, ao mesmo tempo, em pessoas que não viajaram para regiões endêmicas da África”, explicou, citando Nigéria, Camarões, República Centro-Africana e República Democrátic­a do Congo.

Lewis afirmou que não se sabe se o vírus sofreu mutação, porém que o grupo de Orthopoxvi­rus —ao qual pertence o da varíola dos macacos— “não tende a sofrer mutações, mas a permanecer estável”.

Nesta segunda (23), a agência de saúde da União Europeia declarou ser baixo o risco de contágio.

“Para a população em geral, a probabilid­ade de contágio é muito baixa”, apontou o Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC) em sua primeira avaliação de risco sobre os casos.

“No entanto, é considerad­a alta a probabilid­ade de o vírus se espalhar mais por contatos próximos, por exemplo, em atos sexuais ou entre pessoas que têm múltiplos parceiros sexuais”, acrescento­u.

“Estou preocupada com o número crescente de casos detectados de varíola do macaco na União Europeia e globalment­e. Estamos monitorand­o de perto a situação”, afirmou Stella Kyriakides, comissária europeia para a saúde e segurança alimentar.

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