Kleber Rosa critica ACM Neto e diz que Rui Costa não é de esquerda
Data da sabatina do pré-candidato ao governo da BA
Pré-candidato a governador da Bahia, Kleber Rosa (PSOL) disse nesta quinta (26) que o governo de Rui Costa (PT) não é de esquerda. Mesmo assim, defendeu voto no ex-presidente Lula, seguindo a definição do PSOL, na disputa pelo Palácio do Planalto.
“Não foi [governo] de esquerda, é um governo que foi disputado por setores da direita que impuseram sua pauta. No governo sobretudo de Rui Costa, houve perda para trabalhadores e população em geral”, afirmou Kleber em sabatina da Folha e do UOL.
“E o PT na Bahia fez aliança com setores do campo da direita, inclusive com a oligarquia carlista, que está dirigindo e influenciando a política da Bahia há quase 70 anos. Isso se reflete numa postura governamental para o campo do centro-direita. O que acontece na segurança é o melhor exemplo de como esses setores conservadores se impõem e do que é o governo do PT na Bahia”, afirmou.
Para ele, a atual política de segurança pública da Bahia prejudica os mais pobres e os negros. “Temos segurança pública voltada ao confronto, voltada à naturalização da
morte dos corpos negros, voltada para emparedar e combater essa população.”
“Rui Costa é um defensor desse modelo de segurança pública, inclusive em vários momentos se posiciona respaldando ações violentas de promoção de chacinas, busca dar retaguarda a ações que impulsionam a violência”, disse.
Apesar de criticar o governo do PT na Bahia, disse que votará em Lula para presidente. O PSOL, mesmo apoiando o petista nacionalmente, tem lançado pré-candidatos em diversos estados em palanques diferentes dos petistas.
“Não podemos correr o risco de ter Bolsonaro num novo mandato, o quanto ele se sentiria empoderado e legitimado para seus ímpetos autoritários. O desafio de derrotar Bolsonaro exige a responsabilidade de pensar isso como central e ninguém está mais posicionado para fazer isso do que o ex-presidente Lula”, disse.
Ele disse que é cedo para discutir eventual apoio a Jerônimo Rodrigues (PT) em um possível segundo turno na Bahia. “O que estou vendo é Jerônimo se colocar como novo Rui Costa. Se a posição dele for respaldar de forma acrítica o que a gente coloca como ponto de pauta, a possibilidade de diálogo é zero”.
Para Kleber Rosa, o governo Rui Costa apresenta resultados negativos, principalmente na educação e na segurança.
“Na Bahia, é diferente, temos o governo do PT caminhando para 16 anos e é um governo que apresenta resultado aquém do que nós da esquerda desejamos. Além de outras questões gritantes, como educação e segurança pública.”
“[É preciso] priorizar a investigação policial, o enfrentamento ao crime organizado é feito com investigação policial e isso evita a produção de violência. É necessário focar o centro da ação policial na inteligência e na investigação. Também é preciso fazer reestruturação da segurança pública garantindo carreira para investigadores da Polícia Civil e da Polícia Militar”, afirmou.
Na educação, o psolista defendeu a reformulação no modelo de educação pública, melhorias nas condições de trabalho dos profissionais da área e rompimento com a lógica de militarizar o ensino.
“A primeira coisa é mais educação cidadã e menos educação militarizante. Segunda, colocar a educação como prioridade, reestruturar a carga horária dos professores. Terceira, combater o analfabetismo e fortalecer a educação de jovens e adultos.”
Kleber Rosa também se declarou contrário à privatização da Embasa (Empresa Baiana de Águas e Saneamento) e repudiou a proposta feita pelo governo petista.
“O governo do PT na Bahia fez um movimento de secundarizar nossas pautas tradicionais de defesa de direitos trabalhistas, de valorização do serviço público e de valorização de pautas estatais. Abriu caminho para privatização da Embasa. Não se dá para privatizar a água e entregar na mão de grupos econômicos que não têm compromissos com o bem-estar da população”, disse.
A sabatina foi conduzida por Fabíola Cidral e pelos jornalistas Carlos Madeiro, do UOL, e João Pedro Pitombo, da Folha.